As eleições americanas acabam nesta terça-feira (5) e ninguém nas últimas três gerações se lembra de uma disputa tão acirrada, importante e dramática.
Não é simplesmente pelo fato das pesquisas não conseguirem apontar um claro favorito. É pelo fato de que, qualquer que seja o resultado, o país não se livra da profunda crise política e social em que se encontra.
Num ponto, as pesquisas coincidem: a maioria dos americanos acha que o sistema eleitoral e político faliram.
São hoje insuperáveis as diferenças que separam a sociedade americana — a começar pela definição do que cada lado acha que é ser americano.
Para cada lado hoje no espectro político, a vitória do adversário representa uma ameaça existencial.
E, diante da agressividade da campanha e da mínima margem que separa os candidatos, o que se pode esperar é uma feroz contestação do resultado. Qualquer resultado.
Esse país, com sua histórica excepcionalidade, já esteve dividido em ocasiões anteriores. O que torna a atual divisão tão relevante e perigosa é o fato de que a dinâmica desse longo processo tem criado desespero e medo no lugar de esperança.
A crise política americana já projetou uma imagem de fraqueza e vulnerabilidade da potência até aqui hegemônica.
As eleições que terminam nesta terça-feira (5) acentuaram desconfiança no sistema e na própria democracia. E prometem tornar ainda mais difícil a busca por consensos e, portanto, a capacidade de governança.
É sempre bom cultivar esperanças de que as coisas melhorem. Mas é bom se preparar para que elas piorem.