Israel executou hoje um dos maiores bombardeios do último ano. Foram mais de 60 missões contra alvos do grupo Hezbollah, no sul do vizinho Líbano.
Os ataques aéreos foram a terceira grande ação militar de Israel contra o Hezbollah depois de explodir pagers e walkie-talkies. O que mais vem agora?
O governo israelense está dizendo que a guerra com o Hezbollah entrou numa nova fase. Mas com qual objetivo estratégico?
No caso do Hamas era extirpar completamente o grupo responsável pelos atentados terroristas de outubro do ano passado. Objetivo até aqui não alcançado.
Os temores de que a região embarque num conflito militar ainda mais intenso, perigoso e abrangente está no fato de que o Hezbollah tem capacidade muitíssimo superior à do Hamas. E logística desimpedida em relação ao seu patrono e principal aliado, o Irã.
O Hezbollah tem condições de paralisar boa parte da infraestrutura israelense, como portos e aeroportos. É parte essencial naquilo que o Irã chama de arco da resistência, cujo objetivo é tirar Israel do mapa e, no mínimo, neutralizar a presença dos Estados Unidos naquele setor do Oriente Médio.
Em relação ao Hezbollah, e também em relação ao Irã, Israel demonstrou enorme superioridade tecnológica tática. Mas superioridade tática não é uma estratégia.
Golpes espetaculares contra o inimigo como Israel vem demonstrando são feitos por profissionais muito bem treinados. Mas desenhar estratégias é para líderes políticos com visão de horizontes mais amplos.
Para neutralizar o Hezbollah, Israel teria de embarcar numa enorme operação provavelmente terrestre. De alcance, duração imprevisíveis. E consequências idem. É diante disto que estamos agora.