Mais de 10,5 mil animais de estimação e silvestres já foram resgatados das enchentes no Rio Grande do Sul, conforme boletim da Defesa Civil do estado, divulgado neste sábado (11), às 9h. Os dados são da Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema/RS) e do Grupo de Respostas a Animais em Desastres (Grad) composto por voluntários de várias áreas de atuação de entidades de defesa dos animais.
Em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, milhares de animais chegam para triagem e atendimento no hospital de campanha montado no bairro Mathias Velho – muitos chegam machucados ou doentes. Uma cena em particular emocionou os voluntários. Uma cadela que perdeu seus filhotes estava amamentando outros filhotes que perderam seus pais na tragédia (veja o vídeo abaixo).
Cadela perdeu os filhotes na chuva no RS, mas amamenta outros filhotes sem mães
Morador de Curitiba, Brendo Adamski está em Canoas há quatro dias. Ele, o irmão e uma prima não conseguiram permanecer em casa vendo as imagens das águas inundando regiões inteiras do Rio Grande do Sul. O trio comprou um barco, trouxe em reboque e estão realizando resgate de animais em Canoas, em especial, no bairro Mathias Velho. Eles salvaram pelo menos 20 animais em situação de extremo perigo.
Gustavo VArella, voluntário do interior de SP atuando no bairro Mathias Velho, em Canoas — Foto: Samantha Klein / CBN
‘Essas pessoas estão sofrendo muito e acredito que vai demorar muito tempo abaixar a água. Nós estamos no terceiro dia [de resgate], amanhã estamos indo para o quarto. Há muitos animais ali. Tem bastante também que acabou falecendo devido a não conseguir resgatar. Mas a gente não vai deixar ninguém para trás e fazer o possível e o impossível para resgatar todos que estiver no nosso alcance’, disse Brendo.
Mas a gente não vai deixar ninguém para trás e fazer o possível e o impossível para resgatar todos que estiver no nosso alcance’, disse Brendo.
Junior Giugni é um dos milhares de voluntários que viajaram até o Rio Grande do Sul para ajudar as vítimas atingidas pelos temporais que começaram no final de abril. A gente da Defesa Civil de Várzea Paulista, ele ficou a semana inteira no Estado, atuando em Eldorado do Sul, município que teve mais de 90% da área alagada. Junio estava ajudando no resgate de animais pelo Grupo de Resposta a Animais em Desastres (Grad). Perguntei a ele a respeito de um difícil resgate:
‘O mais difícil para mim foi um sobrado de três andares, em que cada residência é independente. A gente não conseguiu acessar. Dois dias tentando. Alguns servidores de outras instituições acabaram se machucando, porque a gente viu três gatos e um cachorro, e a gente não conseguia acessar a casa. Eu fiquei com isso na cabeça No terceiro dia, a gente conseguiu acessar, fazendo um rapel na casa. E conseguimos alimentar os animais, fazer todo o protocolo, dar água, dar um pouco de carinho, afeto, porque os animais estão muito, muito, muito com medo. Estão assustados, estão estressados.’
Em Eldorado do Sul, a água começou a baixar em alguns pontos e vem revelando uma cidade arrasada. Chamou a atenção imagens de helicóptero da TV Globo, mostrando o pátio do Detran ressurgiu como um cemitério fantasma. Em outras regiões da cidade, ainda tem água pela cintura.