Assim como fez com a astrazeneca, vacina contra covid, Fiocruz pediu ao Ministério da Saúde para produzir vacina contra a dengue no Brasil, por transferência de tecnologia em parceria com o laboratório japonês Takeda.
Especialistas avaliam que em um ano é possível produzir a vacina contra a dengue em larga escala, havendo autorização do Ministério da Saúde para que a Fiocruz realize a produção. A Fundação Oswaldo Cruz formalizou o pedido ao governo nos últimos dias, para fazer um acordo de transferência de tecnologia com o laboratório japonês Takeda, e passar a produzir a vacina qdenga. Durante o pico de casos da doença, a ministra Nísia Trindade, mencionou algumas vezes em entrevistas, ainda em março, que acordo de parceria estava sendo fechado, e que levantamento da capacidade de produção nacional já estava sendo feito pela fundação.
Fontes do setor avaliam que dependendo do tipo de modalidade do contrato, a produção aqui no país pode começar rapidamente, e a vacina estar disponível no Programa Nacional de Imunizações em um ano. Essa mesma parceria foi feita pela Fiocruz para produção da vacina Astrazeneca, contra a covid-19.
O tipo de acordo com a Takeda, para produção da Qdenga, ainda não foi divulgado. Mas há acordos em que há transferência de IFA – que são os componentes da vacina – e a Fiocruz finalizaria o processo no país – ampliando a produção. Esse é o mais rápido.
E há outro tipo em que a fundação receberia a tecnologia e formulação, mas teria que comprar e importar os componentes – o que pode demorar mais, devido a necessidade de certificação dos fornecedores.
Hoje, todas as vacinas do Brasil são da japonesa Takeda, que para conseguir atender a demanda da rede pública até restringiu a venda à laboratórios privados. A notícia do pedido de produção agora é vista com bons olhos pelo setor privado. O consultor do mercado privado, Marcos Tendler, diz que a produção pode resultar em a volta da qdenga a laboratórios particulares.
“É interessante para o Brasil, e tem também uma correlação entre o mercado público e o privado, porque a partir do momento que a Fiocruz recebe a tecnologia e se tornar autossuficiente na produção da vacina, o fabricante poderia manter todo o fornecimento para o mercado privado. E aí você teria os dois ambientes que são completamente complementares, o público e o privado, ofertando simultaneamente a vacina para a população, que foi uma questão muito debatida no último verão, de 23 para 24, porque quando o Ministério adquiriu as doses, isso levou um desabastecimento no mercado privado”, explica.
Em nota, a fiocruz informou que mais informações sobre a produção, poderão ser detalhadas após a avaliação da proposta encaminhada.