Três famílias entraram em contato com o Ministério Público do Espírito Santo manifestando interesse na realização de exame de DNA em uma paciente que estava internada desde o ano 2000, em estado vegetativo, após ser atropelada em Vitória. “Clarinha”, como era chamada, morreu na última quinta-feira (14). Até então, não foram encontrados documentos ou pessoas que a reconhecessem.
A morte da paciente foi confirmada pelo coronel Jorge Potratz, o médico que cuidou da paciente durante quase duas décadas e meia. Clarinha passou mal ainda pela manhã, teve uma broncoaspiração e não resistiu.
História de ‘Clarinha’
Clarinha estava internada em estado vegetativo no Hospital da Polícia Militar em Vitória e nenhum parente ou amigo a visitou ou a procurou em todos esses anos. Várias tentativas de localizar familiares foram feitas e pessoas de diversas partes do país, sobre as quais havia indícios de parentesco, se submeteram a exames de DNA, sem sucesso de identificação.
O caso da ‘paciente misteriosa’ ganhou repercussão após uma matéria no Fantástico em 2016. Clarinha, como era carinhosamente chamada pela equipe médica, foi atropelada no Dia dos Namorados, em 12 de junho de 2000, no centro de Vitória. O local exato do atropelamento e o veículo que atingiu a mulher nunca foram identificados, segundo a polícia. Ela foi socorrida por uma ambulância, mas não portava documentos e chegou ao hospital desacordada e sem ser identificada.
Depois da reportagem no Fantástico, mais de 100 famílias procuraram o Ministério Público do Espírito Santo para tentar identificar Clarinha como uma possível parente desaparecida. Desse total, 22 casos chamaram mais atenção, pelas fotos ou pela similaridade dos dados próximos ao perfil da mulher internada. Mas as hipóteses foram descartadas devido à incompatibilidade de informações, pelo fato de as pessoas procuradas já terem sido encontradas ou pelos resultados de DNA incompatíveis.
Na quinta-feira (14), emocionado, o médico já aposentado Jorge Potratz falou sobre a tristeza de não ter resolvido o mistério de Clarinha e não ter conseguido encontrar a família para oferecer o encontro com a paciente.
Sem documentos oficiais, o corpo de Clarinha pode ser sepultado como indigente, mas a família formada pela equipe médica do HPM vai atuar para evitar essa situação.