Ex-ministro de Bolsonaro não se manifestou até agora sobre operação que mira trama golpista. Interlocutores do ex-presidente admitem tom de arrefecimento em ato.
Silenciado até agora nas investigações que apuram um esquema de golpe de estado no governo Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, confirmou presença no ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, dia 25 de fevereiro. Interlocutores do ex-presidente disseram que Bolsonaro avalia ser hora de dar uma aquecida nos apoiadores em um momento em que ele aparece como o principal articulador de uma trama golpista.
Esse é o primeiro gesto de apoio explícito do governador, após as investigações demonstrarem que Bolsonaro era o principal articulador do golpe. E demonstra um alinhamento com a tese de Bolsonaro de que ele não atuou na trama golpista, ao contrário do que mostram as investigações.
O prefeito de SP, Ricardo Nunes, também é aguardado. Aliados de Bolsonaro disseram que ele avalia ser hora de dar uma aquecida nos apoiadores em um momento em que o ex-presidente aparece como o principal articulador de uma trama golpista.
A ideia do ato foi do pastor Silas Malafaia, que sugeriu a Bolsonaro fazer o ato como uma forma de mobilizar a militância a favor dele, em um momento em que o ex-presidente tem sangrado nas investigações. Mas embora Bolsonaro peça no vídeo gravado para os apoiadores não levarem cartazes contra “quem quer que seja”, uma referência principalmente ao ministro Alexandre de Moraes, bolsonaristas se mobilizam para um ato que reforce os princípios sempre defendidos pelo ex-presidente, como a pauta do voto impresso, o que coincide com um ano eleitoral municipal.
O ex-presidente que, durante os quatro anos de governo, travou um embate direto com ministros do STF, agora adota uma postura de defesa com menos ataques. Parlamentares do PL negam recuo ou que a imagem seja de um Bolsonaro acuado, mas confirmam que a intenção dele é se defender num tom de harmonia. O líder da bancada evangélica, o deputado do PL, Sóstenes Cavalcante, reconhece uma mudança de estratégia de Bolsonaro em uma tentativa de autodefesa.
O ato gera mobilização inclusive entre deputados investigados, como Carlos Jordy e Alexandre Ramagem. Aliados do ex-presidente dizem que são aguardadas 100 mil pessoas no ato convocado por Bolsonaro.