A mulher suspeita de matar o namorado com um brigadeirão envenenado no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio, tinha um outro companheiro, que soube do caso – e da traição – pela imprensa. O homem, que não teve a identidade revelada, deu a informação em depoimento à Polícia Civil nessa segunda-feira. Os investigadores constataram que ele não teve nada a ver com o assassinato e continuam concentrados em encontrar Júlia Andrade Cathermol Pimenta, que está foragida. A Justiça do Rio decretou a prisão dela há uma semana, pelo homicídio do empresário Luiz Marcelo Ormond.
O outro namorado de Júlia contou que ela alegava viagens a trabalho aos finais de semana para justificar ausências. Luiz Marcelo também não saberia da traição; a vítima e Júlia tiveram um relacionamento entre 2013 e 2017, mas o namoro só foi oficializado em 2023, e em abril, eles passaram a morar juntos. Em um áudio obtido pela investigação, Luiz Marcelo falou para um amigo que resolveu dar uma segunda chance à mulher após um desabafo dela, que, chorando muito, disse que havia “brigado com a mãe” e “terminado um relacionamento de cerca de dois anos”.
“Ela brigou com a mãe, que não tá nem falando com ela, terminou o relacionamento que ela tinha com o cara de dois anos, dois anos e meio… Ela chorou muito, cara. Chorou de soluçar. Eu vi que não foi brincadeira, entendeu? Então, isso me fez pensar bem, entendeu? Parecia que ela estava falando a verdade”, disse.
Os agentes da 25ª DP (Engenho Novo) tentam rastrear movimentações financeiras de Júlia para tentar localizá-la. A polícia ainda não tem pistas de onde a suspeita possa estar. Segundo as investigações, ela colocou comprimidos moídos de um remédio controlado em um brigadeirão que a vítima comeu. Ela deu os detalhes do crime a Suyane Breschak, que se apresenta como cigana. A mulher está presa e é apontada como mentora intelectual do crime.
Em depoimento à polícia nessa segunda-feira, o gerente da farmácia garantiu que Júlia comprou o medicamento controlado após apresentar uma receita médica. O documento e imagens de câmeras do estabelecimento serão entregues aos investigadores.
O delegado Marcos Buss, responsável pelo inquérito, afirmou que Suyane foi quem recebeu todos os bens de Luiz Marcelo, como o carro. Buss disse que a polícia ainda está em busca das armas do empresário que sumiram do apartamento.
“Já recuperamos o automóvel e alguns bens da vítima. Devo me preocupar ao longo da semana com a localização das armas, que podem ou não estar na posse da Júlia. Já conseguimos identificar e prender uma suspeita de participação no crime, que é a Suyane. Ela está presa temporariamente e vai ser submetida a um processo justo, em que serão asseguradas todas as garantias processuais”, assegurou.
A defesa de Suyane Breschak pediu a revogação da prisão temporária dela e negou que ela tenha sido mentora do crime. Segundo o advogado Etevaldo Tedeschi, ela teve apenas motivação financeira, por causa de uma dívida de cerca de R$ 600 mil que Júlia tinha com ela, por trabalhos espirituais realizados.