A primeira-dama da Coreia do Sul, Kim Keon Hee, não é vista em público desde dezembro do ano passado após uma série de controvérsias, mas muitos não se surpreendem com sua longa ausência antes das eleições parlamentares no país que acontecem em 10 de abril.
O presidente Yoon Suk Yeol não está concorrendo, já que as eleições parlamentares e presidenciais são realizadas separadamente na Coreia do Sul. Mas, como titular de um cargo, ele também não tem permissão legal para fazer campanha para seu Partido do Poder Popular (PPP), que está enfrentando uma batalha difícil para reconquistar o controle do parlamento.
Ainda assim, a ausência sem precedentes de Kim, desde que ela e Yoon retornaram de uma visita à Holanda em 15 de dezembro, foi considerada uma decisão política para proteger o PPP de qualquer fator negativo.
“Uma vez que a primeira-dama não está retratando imagens positivas para o público, o fato de ela permanecer quieta durante este tempo pode realmente ajudar a eleição (para o partido de Yoon)”, disse Shin Yul, professor de ciência política da Universidade de Myongji em Seul.
“Se ela ressurgir, pode ser problemático, não apenas por causa dos próprios escândalos, mas devido à sua imagem desfavorável com o público.”
Em 2021, Kim admitiu ter falsificado partes de seu currículo ao se candidatar a empregos em universidades em 2007 e 2013.
Em dezembro passado, o parlamento controlado pelo Partido Democrata da oposição aprovou um projeto de lei para um promotor especial investigar alegações de que Kim estaria envolvida na manipulação do preço das ações antes de Yoon assumir o cargo em 2022.
Yoon vetou a moção em 5 de janeiro de 2024.
Naquele mês, Kim se envolveu em outra controvérsia. Imagens de câmeras escondidas teriam revelado que ela aceitou uma bolsa Dior como presente, o que ameaçava semear divisão e desordem entre Yoon e seu PPP.
“Depois que uma questão terminou, outra surgiu. Era um padrão para ela. Então, nos últimos quatro meses, tem sido tranquilo a medida que ela desapareu do público”, disse Kang Hyun-sook, de 65 anos, quando perguntado sobre a ausência de Kim da opinião pública.
Kim tem sido um empecilho para a popularidade de Yoon, que continuou a cair de uma recente alta de 41,9% para 36,3% em uma pesquisa de opinião de 2.509 pessoas publicada na segunda-feira (1) pelo instituto de pesquisa Realmeter.
O PPP estava perdendo para o Partido Democrático, da oposição, com 35,4% a 43,1%. O nome de Kim muitas vezes aparece em uma luz negativa entre aqueles que respondem às pesquisas de opinião.
“Isso foi longe demais”, disse Park Chae-Woon, de 20 anos, referindo-se às controvérsias em torno da primeira-dama.
“Eu acredito que ela não deve se esconder, mas confrontar as questões, fazendo um pedido de desculpas ou assumindo a responsabilidade sobre os assuntos.”