O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, prestou novo interrogatório à Justiça Federal, nesta segunda-feira (20). Liberado para cumprir prisão domiciliar ano passado, essa é a primeira vez que ele entra pela porta da frente da Justiça para prestar depoimento.
Cabral depôs no âmbito de um dos processos da Operação Lava-jato: na ação penal em que é acusado de repassar propina ao ex-governador Luiz Fernando Pezão, do MDB, que foi absolvido no caso ano passado.
Cabral chegou a ser condenado, mas a sentença foi anulada e retornou à primeira instância para novo julgamento.
O ex-governador chegou à 7ª Vara Federal Criminal, no Centro do Rio, de cadeira de rodas por dificuldade de locomoção causada por três hérnias de disco. Mais cedo, nas redes sociais, ele afirmou que pedirá à Justiça a retirada da tornozeleira eletrônica para fazer uma ressonância magnética.
O ex-governador pediu novo interrogatório para negar o teor de suas próprias declarações anteriores na ação, em fevereiro de 2020, quando havia fechado delação premiada com a Polícia Federal. Na ocasião, ele confirmou o teor da denúncia, que apontava repasses mensais de R$ 150 mil a Pezão.
Neste processo, o juiz Marcelo Bretas condenou Cabral a 32 anos, 9 meses e 5 dias de prisão. A sentença foi anulada porque outro réu apontou que o ex-governador já havia assinado a delação com a Polícia Federal, motivo pelo qual deveria ter sido ouvido antes – e essa própria delação foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal, em 2021.
O ex-aliado Luiz Fernando Pezão foi sentenciado a 98 anos e 11 meses de detenção, mas ano passado o colegiado do Tribunal Regional Federal da 2ª Região decidiu absolvê-lo.
Este é o 30º interrogatório do ex-governador à Justiça Federal. Os anteriores foram realizados quando ele ainda estava preso.