A segurança na maior usina nuclear da Europa, a usina de Zaporizhzhia, na Ucrânia, que está atualmente sob controle da Rússia, está piorando diariamente, disse o ministro da Energia ucraniano nesta sexta-feira (8).
Ele prometeu continuar pressionando a Rússia no órgão de vigilância nuclear da ONU para que suas tropas se retirem do local.
O Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica, composto por 35 países, aprovou uma resolução na noite de quinta-feira (7) condenando a ocupação pela Rússia da maior central nuclear da Europa, expressando “grave preocupação” com a falta de pessoal e manutenção dois anos após a sua captura.
“A situação geral está caminhando para [um] acidente nuclear e é muito importante parar imediatamente esta presença [russa]”, advertiu o ministro da Energia ucraniano, German Galushchenko, em entrevista coletiva.
“O número de problemas tem apenas aumentado a cada dia. E em mais um mês, teríamos outro problema. Mais um mês, teremos alguns problemas adicionais”, alertou, acrescentando que a Ucrânia continuará pressionando para mais resoluções.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que tem uma pequena presença na fábrica, afirma que a situação em Zaporizhzhia continua precária.
A central perdeu toda a energia externa oito vezes nos últimos 18 meses, a forçando a depender de geradores a diesel para arrefecer o combustível nos seus reatores e evitar um colapso potencialmente catastrófico.
A Rússia e a Ucrânia, em guerra há mais de dois anos, culpam um ao outro mutuamente pelos bombardeamentos que derrubaram linhas de energia na área.
Os funcionários ucranianos que anteriormente trabalharam para a empresa estatal ucraniana de geração de energia Energoatom continuam operando a central juntamente com os recém-chegados russos, embora alguns dos ucranianos tenham tido o acesso negado desde fevereiro por se recusarem a assinar contratos russos.
“O pessoal que trabalha na usina de Zaporizhzhia agora consiste exclusivamente em ex-funcionários da Energoatom que adotaram a cidadania russa e assinaram contratos de trabalho com a entidade operacional russa, e funcionários que foram enviados da Federação Russa para a planta”, destacou um relatório confidencial da AIEA enviado a Estados-membros na semana passada que a Reuters teve acesso.
“A equipe da usina continuava sob forte estresse psicológico de vários tipos”, acrescentou.
Antes da guerra, havia cerca de 11.500 funcionários na fábrica, segundo o documento. Agora, o pessoal da AIEA na fábrica foi informado de que o número é de cerca de 4.500, enquanto o número de funcionários presentes diariamente foi de cerca de 2.000 no último trimestre.
A Rússia afirma que a central tem agentes o suficiente para operar os seis reatores, que estão atualmente desligados.
O chefe da AIEA, Rafael Grossi, estimou em cerca de 100 o número de resistentes que se recusam a assinar contratos russos. Galushchenko ressaltou que isso era “outra mentira russa” e que o número real era 380.
“O problema não está nem na quantidade de pessoas. O problema é que essas pessoas são funcionários de alto nível. Isso não é… pessoal médio que você poderia facilmente substituir”, ponderou.
Grossi discutiu sobre Zaporizhzhia em uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, na quarta-feira (6), que foi “profissional e franca”, informou a AIEA em comunicado.