O presidente da República Dominicana, Luis Abinader, informou na segunda-feira (4) que está em vigor um nível extremo de segurança na fronteira com o Haiti após a fuga de mais de 3 mil prisioneiros do país vizinho no fim de semana. O chefe de Estado não revelou detalhes sobre o aumento da segurança nas fronteiras.
Em coletiva de imprensa, Abinader alertou que qualquer prisioneiro haitiano fugitivo que entre no país terá “uma resposta drástica”.
O presidente considerou que as gangues que controlam partes do Haiti não cruzaram o território dominicano “porque sabem o que pode acontecer com elas”.
O presidente lembrou que desde outubro de 2023 República Dominicana não concede vistos ao Haiti. Reiterou também que não aceitará a criação de campos de refugiados para haitianos na República Dominicana, embora considere que não acredita que a ONU solicitará isso.
Anteriormente, o presidente se reuniu a portas fechadas com membros do Conselho de Segurança Nacional para discutir a crise no Haiti, após recentes atos de violência e crime no país vizinho. Até o momento, nenhum detalhe sobre esse encontro foi revelado.
O ministro da Presidência, Joel Santos, informou que o mercado binacional entre os dois países foi realizado na segunda-feira em Dajabón, zona de comércio livre na fronteira comum, sob estritas medidas de segurança.
Santos indicou que a presença militar foi aumentada e que os procedimentos de imigração para atravessar para o mercado foram reforçados.
Os haitianos que cruzaram na segunda-feira para o mercado binacional para se abastecerem se mostraram preocupados com a situação do seu país.
O mais recente aumento da violência, que começou na quinta-feira (29) e atingiu delegacias de polícia, o aeroporto internacional e a Penitenciária Nacional, não tem precedentes, segundo o cientista político haitiano Joseph Harold Pierre.
“O que está acontecendo no Haiti atualmente é a inexistência do Estado haitiano. A população está totalmente desorientada, especialmente as pessoas que vivem em Porto Príncipe [CAPITAL], porque agora há muitas pessoas perigosas nas ruas”, avaliou Harold Pierre.
Na sexta-feira (1°), Jimmy Cherizier, ex-agente da polícia que lidera uma aliança de gangues também conhecida como “Barbecue”, afirmou que continuará a tentativa de derrubar o primeiro-ministro Ariel Henry, que estava no Quênia para concretizar o esperado envio de uma missão multinacional para reforçar a segurança no Haiti.
Ao mesmo tempo, Henry prometeu, segundo os líderes caribenhos, realizar eleições gerais até 31 de agosto do próximo ano. Mas suas ações não acalmaram a situação.
O Haiti permanece em estado de emergência e toque de recolher até quarta-feira (6), segundo as autoridades do país.