As quatro principais capitais brasileiras do Carnaval geraram, sozinhas, quase 5 mil toneladas de lixo durante a folia. A estimativa foi feita pela CBN, após divulgação de dados da limpeza urbana das prefeituras de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador.
Os números se referem a todo o período de pré-folia e os dias oficiais, incluindo também desfiles das escolas de samba de São Paulo e Rio nos sambódromos.
Para tentar reduzir os impactos, os municípios fizeram parcerias com catadores para o recolhimento de materiais recicláveis como plástico. Com o crescimento da festa em várias cidades, especialistas apontam a necessidade de investimento em educação ambiental.
Para se ter uma noção, considerando a média nacional de 343 kg de lixo gerado por uma pessoa em um ano, essa quantidade de produtos descartados equivale a cerca de 14 mil pessoas produzindo o lixo de 12 meses apenas no Carnaval.
Em cidades como Salvador, por exemplo, foram mais de 1.800 toneladas de lixo recolhidas no período festivo. Em Belo Horizonte, que recebeu o público recorde de 5 milhões e meio de foliões neste ano, o município contabilizou quase 700 toneladas de resíduos tirados das ruas por 1.400 garis, que trabalharam diariamente.
Apesar disso, teve folião que achou que a falta de lixeiras na cidade contribuiu para o acúmulo do lixo. É o que apontou o estudante Carlos Eduardo Almeida, que veio do interior de São Paulo para curtir a festa em Belo Horizonte:
“Eu acredito sim que havia muito lixo na cidade e particularmente eu não pude verificar muito fortemente a atividade de garis ao redor, apenas talvez em áreas muito centrais, como na avenida Afonso Pena e em poucos dias também. Além disso, eu sinto que havia pouca lixeira para a quantidade de lixo que tinha e a quantidade de pessoas que queriam descartá-lo, então eu realmente acho que houve uma falta de infraestrutura nessa parte.”
O jornalista Levi Aguiar trocou Fortaleza por Belo Horizonte neste ano, para curtir o Carnaval. Ele contou que teve cuidado em não sujar a cidade no período:
“No meu caso, eu estava com um grupo de amigos e a gente optou por terminar de beber, amassar a latinha e guardar dentro de uma ecobag. Foi uma solução consciente, porque a gente sabe que mesmo com a presença desses catadores, a gente como cidadão precisa descartar o lixo na hora e no lugar certo.”
A mestre em Gestão Ambiental e professora do Centro Universitário Internacional Uninter, Sandra Lopes de Souza, avalia que, em um cenário de mudanças climáticas, a gestão do lixo produzido durante o Carnaval passa a ser obrigatória pelas prefeituras, para tentar reduzir os impactos.
Segundo a especialista, iniciativas como a reciclagem têm papel fundamental para as cidades, mas o principal é o investimento em educação ambiental para os foliões:
“A educação ambiental é justamente cada um fazendo a sua parte. Formando um círculo pequeno, o círculo vai aumentando até chegar aonde, até chegar em grande parte da sociedade. Aí começa a ter o retorno, mas demora.”
Parcerias com catadores
Neste ano, cidades como Belo Horizonte, Salvador e Rio de Janeiro, por exemplo, fizeram parcerias com catadores pra recolhimento de material reciclável das ruas durante a folia, principalmente de plástico, que é considerado o principal vilão para o meio ambiente.
A estimativa é de que mais de 200 toneladas de lixo reciclável foram recolhidas nas três capitais.
Entre as ações de sustentabilidade, alguns blocos do Rio de Janeiro mediram nos cortejos a emissão de gases poluentes pelos trios elétricos, para compensação de carbono com plantio de mudas no Parque Lage, no Jardim Botânico.