O fato de os Estados Unidos usarem o poder econômico para fortalecer os interesses deles, não chega a ser uma novidade. O diferente agora, com o Trump, é que é mais explícito. Antes tinha uma justificativa mais elaborada, como a luta contra o comunismo ou a liderança pela democracia. Em contrapartida, os alvos dessa chamada guerra comercial ficaram menos previsíveis.
As empresas americanas sempre produziram no México. E o Canadá sempre foi um fornecedor de produtos agrícolas e minerais. Mas o México e o Canadá entraram na polêmica antes mesmo da China, que seria o adversário mais tradicional. Então, um primeiro possível impacto é que as tarifas dos Estados Unidos afetem as exportações do Brasil.
Diretamente para os Estados Unidos ou indiretamente. Por exemplo, se um país deixa de comprar do Brasil para comprar dos Estados Unidos por causa de um acordo comercial. Outro possível impacto é que os Estados Unidos hoje estão muito dedicados a desenvolver a tecnologia de inteligência artificial. Aí as empresas americanas podem usar a inteligência artificial para produzir mais com menos gente. E ficam mais lucrativas.
E para desenvolver essa tecnologia precisa de muito investimento: em computadores mais sofisticados e energia para esses computadores funcionarem. Para o Brasil é ruim porque a gente era visto como líder na produção de energia renovável, o que poderia atrair novos investimentos para cá.
Resumo:
São esses dois pontos principais: a possibilidade das tarifas afetarem as exportações do Brasil. E a menor atratividade dos investimentos do exterior para o Brasil – porque a prioridade é o desenvolvimento da inteligência artificial nos Estados Unidos. Isso ajuda a explicar porque o mercado ficou mais devagar.