De olho na reforma ministerial que o governo pretende fazer, o PSD, partido de Gilberto Kassab, busca aumentar a projeção dentro do governo e levou ao presidente Lula a reivindicação de trocar o Ministério da Pesca, comandado por André de Paula, por outra pasta mais robusta.
Hoje o PSD tem três ministérios: o da Pesca, o da Agricultura, com Carlos Fávaro, e o de Minas e Energia, com Alexandre Silveira. Mas a avaliação do PSD é que a Pesca tem pouca entrega nos estados e quer uma área em que o partido consiga ter mais visibilidade.
Dentro da bancada do PSD da Câmara há, ainda, uma avaliação de que a bancada do partido no Senado é mais privilegiada, porque Alexandre Silveira e Carlos Fávaro, que estão à frente de dois ministérios, são senadores.
No Congresso há ainda uma insatisfação com o desempenho de Alexandre Silveira à frente do Ministério de Minas e Energia. Ele foi indicado ao cargo pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Mas a avaliação é de que Silveira não recebe deputados no gabinete e não cumpre acordos prometidos. Por isso a relação entre Silveira e Pacheco não seria mais tão sólida como antes. Mas dentro do Planalto Silveira e Fávaro são bem avaliados por Lula.
O governo tenta abrir espaço para outros partidos, o que poderia inclusive envolver a troca da articulação política, hoje comandada por Alexandre Padilha. Um nome que tem ganhado destaque para o cargo é o do líder do MDB, Isnaldo Bulhões. Se isso ocorrer, Padilha poderia assumir o lugar de Nísia Trindade no Ministério da Saúde.
O cientista político André Rosa disse que as trocas devem ocorrer para que o governo amplie as chances de aprovar projetos no Congresso.
‘Bom, na realidade, essa reforma ministerial, ela não é um xadrez, não é necessariamente um xadrez de alta complexidade, na realidade, a reforma ministerial, ela precisa ser feita buscando essa governabilidade dentro do parlamento, muito em decorrência das eleições das presidências das casas legislativas, aí eu destaco a presidência da Câmara, na figura do novo presidente, que precisa de certa forma acomodar essa nova sigla, bem como as siglas que também fazem parte do entorno desse novo presidente. Então, na realidade, essas trocas de comando ministerial, na realidade não é uma novidade, é extremamente necessário, tendo em vista o modelo do presidencialismo brasileiro, né, sua interação com o legislativo, realmente precisa que haja essas trocas. E, obviamente, tem algumas siglas que visam ali 2026, a presidência da república, mas, de uma maneira geral, também dá um aceno muito forte para o novo grupo que vai comandar o parlamento agora, saindo o Arthur Lira.’
Apesar do ministro da Casa-Civil, Rui Costa, ter indicado que algumas trocas podem ocorrer até a reunião ministerial de 21 de janeiro, as substituições neste mês devem ser pontuais. Uma reforma mais ampla deve ocorrer só após as eleições para as presidências da Câmara e do Senado, marcadas para fevereiro.