O PSD, criado e presidido por Gilberto Kassab, senta na cadeira de prefeito em 206 dos 645 municípios de São Paulo. O número é quase o dobro das 104 prefeituras onde o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, saiu vitorioso.
O Republicanos, do governador Tarcísio de Freitas, aparece em terceiro, com 84 municípios para administrar a partir de 2025.
Apesar de o PL estar na frente do Republicanos em números de prefeitos eleitos, Tarcísio de Freitas sai fortalecido como o nome da direita para a disputa presidencial em 2026.
O governador se empenhou nas campanhas e deve cobrar o preço daqui dois anos.
Na capital, ele foi peça fundamental na reeleição de Nunes, que no discurso da vitória chamou o cabo eleitoral de “líder maior”.
“Eu agradeço ao líder maior, sem o qual nós não teríamos esta vitória, o meu amigo que me deu a mão na hora mais difícil, governador Tarcísio de Freitas!”
Em entrevista à CBN, o prefeito reforçou que vai apoiar Tarcísio em 2026:
“Não sei o que o Tarcísio fará em 2026, mas seja o caminho que ele tomar, ele vai poder contar com a minha lealdade também, o meu empenho, porque é um grande gestor, uma pessoa, uma personalidade muito importante que a gente precisa”.
No segundo turno, Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas estiveram em lados opostos em seis cidades paulistas.
Os candidatos apoiados pelo governador levaram em cinco delas.
O MDB, de Nunes, era líder absoluto de prefeituras no país desde 2004, mas foi desbancado pelo PSD, que elegeu prefeitos e prefeitas em 887 cidades.
Nesta eleição, o MDB garantiu 854 prefeituras e ficou em quarto lugar no estado de São Paulo, angariando 66.
O presidente nacional da legenda, deputado Baleia Rossi, enxerga que o MDB saiu fortalecido das urnas, garantindo a vitória na capital paulista:
“O MDB mostrou que é bom de eleição, é bom de equilíbrio, é bom de diálogo e é bom de gestão. Eu acho que a população buscou boas experiências administrativas e tenho certeza que isso nos dá muita responsabilidade, porque em 60 anos que nós vamos completar no final dessa legislatura, é a primeira vez que através do voto da confiança da população de São Paulo, nós ganhamos a eleição na maior cidade da América Latina. Então, isso nos dá uma responsabilidade muito grande”.
Quem mais sentiu a derrota foi o PSDB, que deixou de ser o maior partido de São Paulo, estado já chamado de “tucanistão”, por causa da influência da legenda.
Os tucanos perderam prefeituras principalmente para PSD, PL e Republicanos.
De 2020 para cá, a sigla derreteu: de 173 prefeituras caiu para 21. Das 39 na Região Metropolitana, o PSDB só permanece em Santo André.
O presidente estadual do partido, Paulo Serra, prefeito até o fim do ano na cidade do ABC, credita o cenário ao desempenho do partido em 2022, quando perdeu o governo do estado, após 28 anos, e não teve um nome na corrida presidencial.
Apesar disso, avalia que o PSDB está se recuperando:
“Eu acredito que o grande desafio seja o PSDB voltar a ser reconhecido pela sociedade de uma forma geral, pelas pessoas, morador, moradora, do partido de boas gestões, de bons quadros. O PSDB tinha essa característica pelo menos até 2018 nas eleições presidenciais, foi a primeira eleição em que a gente teve um desempenho bem abaixo. Nós fomos o maior partido do Estado por quase 30 anos e essa perda da eleição em 2022 era natural até que o partido inconexe de alguma forma, numericamente. Agora eu vejo, sim, uma boa perspectiva porque eu acredito, sim, que em especial o ano 2025 vai ser um ano de crescimento do PSDB no Estado de São Paulo”.
Se de um lado Bolsonaro viu o PL ganhar mais espaço no estado, do outro o presidente Lula enxergou o PT perder redutos históricos.
Em 2012, o partido teve o melhor resultado da história, elegendo 72 prefeitos, incluindo o executivo da capital. Doze anos depois amargou o pior resultado, elegendo apenas quatro.
A legenda enfrentou um revés no outrora chamado “cinturão vermelho”, incluindo o berço político do partido.
Na Região Metropolitana, o PT só permanece em Mauá, no ABC Paulista. Na cidade de Lula, São Bernardo do Campo, o PT nem chegou ao segundo turno.
Apesar do cenário, a executiva nacional classifica que 2024 marca o início de uma recuperação do partido nos municípios. Em 2020, por exemplo, a sigla elegeu 183 prefeitos. Neste ano foram 252.