A produção de veículos no Brasil teve uma alta de 24,3% no mês de fevereiro. Segundo a Anfavea, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, foram produzidos quase 190 mil veículos em fevereiro, contra 152 mil em janeiro. A soma inclui carros, comerciais leves, caminhões e ônibus.
Já o bimestre fechou com alta de 8,9% em comparação com o mesmo período do ano passado. Nas vendas, a alta foi de 2,2% em fevereiro na comparação mensal, com um total de pouco mais de 165 mil veículos comercializados.
Ainda que modesto, esse crescimento nas vendas chama atenção por ter acontecido apesar de fevereiro ter sido um mês com 3 dias uteis a menos do que janeiro. As vendas diretas para locadoras de automóveis impulsionaram, em boa parte, esse aumento.
O diretor-executivo da Anfavea, Higor Calvet, celebrou a recente onda de investimentos das montadoras em fábricas brasileiras. Conforme a CBN antecipou nesta quarta-feira (7), o total ultrapassou os R$ 100 bilhões desde 2021. Calvet destaca que a tendência é de que a produção siga em alta devido aos aportes financeiros.
O setor tem vivido um bom ciclo que nós esperamos que se reproduza ao longo dos próximos anos. É um ciclo recorde de investimentos. E se formos colocar na ponta do lápis, de 2021 até 2024, são R$117 bilhões. Os investimentos de hoje são a produção de amanhã.
Por outro lado, as exportações de carros brasileiros para outros países caíram 28% no primeiro bimestre deste ano. Foram exportados menos de 50 mil carros no período, contra quase 69 mil no mesmo período do ano passado.
O presidente da Anfavea, Marcio de Lima Leite, destacou que há uma queda significativa na demanda de países como Colômbia, Chile, Equador e Argentina. O México, por outro lado, tem representado um bom desempenho para nosso mercado.
O consultor Cassio Pagliarini, da Bright Consulting, destaca que os investimentos anunciados agora podem contribuir com a retomada das exportações brasileiras nos próximos anos. Mas, isso também depende de bons acordos comerciais.
Vamos ver se os investimentos que algumas montadoras estão fazendo, por exemplo, a Toyota pode fazer do Brasil um hub de exportação; a BYD falou isso também, que o Brasil pode ser um hub de exportação. A BYD inclusive tem os dois países: Brasil e México. Pode fazer um veículo menos caro aqui, e um mais caro no México, que possa ser exportado pros Estados Unidos também. Sim, existe a possibilidade de esses investimentos melhorarem a exportação, mas isso passa pela negociação com os países, mais do que com as montadoras.
Para Milad Kalume Neto, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Jato do Brasil, os investimentos são uma oportunidade de o mercado brasileiro passar a fazer frente às exportações de montadoras chinesas para a região.
Após você conseguir fazer com que esse mercado interno seja sustentável, você tem a atuação na América Latina como um todo. Feito isso, você acaba tendo oportunidade de exportar seu veículo para outros mercados. Então, o que a gente precisa fazer no mercado brasileiro é manter nosso veículo num patamar competitivo. Se não, vai acontecer o que já está acontecendo: uma invasão de carros chineses pela América Latina.
Segundo os dados mais recentes da Anfavea, os carros eletrificados atingiram 7,3% de participação no mercado brasileiro no primeiro bimestre do ano. No acumulado de 2023, a média foi de 4,3%.