Cerca de 60 prefeitos e líderes municipais, reunidos na Urban20 Summit neste sábado (16), solicitaram um investimento público anual de US$ 800 bilhões em ações climáticas voltadas para as cidades até 2030. A proposta ocorre paralelamente às negociações do G20 e da COP29, com foco em adaptação, mitigação e reparação de perdas e danos climáticos.
Os prefeitos ressaltaram que as cidades desempenham um papel essencial na aceleração da descarbonização global e na promoção da inovação. De acordo com projeções apresentadas no evento, investimentos urbanos poderiam cobrir até 40% da lacuna de emissões necessária para limitar o aquecimento global a 1,5°C até o fim da década.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, destacou que os investimentos alocados atualmente estão longe de atingir os valores necessários.
“São US$ 4,5 trilhões até 2030, estamos falando de 800 bilhões de dólares por ano até 2030. E hoje o que se viabiliza para investimentos urbanos em questões relacionadas a mudanças climáticas está na ordem de 200 bilhões. Estamos falando ali de um quarto do que seria necessário. Se as cidades não dispuserem de recursos para entregar aquilo que deve ser entregue, nós vamos continuar enfrentando as dificuldades já conhecidas”, afirmou.
Além de reduzir emissões, os investimentos em cidades têm o potencial de gerar milhões de empregos, impulsionar o crescimento econômico e oferecer um retorno financeiro de até US$ 23,9 trilhões até 2050. Os prefeitos pedem que 40% dos recursos venham de financiamentos a juros baixos, priorizando iniciativas em locais mais afetados.
Cidades como Nova York, Quezon City (Filipinas), Medellín (Colômbia) e Londres já lideram ações climáticas de destaque. Nova York, por exemplo, conseguiu reduzir as emissões de grandes edifícios com os Códigos de Construção Verde, enquanto Quezon City investe em infraestrutura sustentável, diminuindo suas emissões em 25%.
Ainda no evento, o painel “Inteligência Artificial para o Bem Social” discutiu como a integração de IA em áreas estratégicas pode apoiar soluções urbanas. O uso de dados climáticos, meteorológicos, de incêndios, inundações, transporte e emissão de poluentes, além de imagens de satélite, foi apontado como ferramenta-chave para mitigar os efeitos de eventos climáticos extremos.
A COP29, que será realizada em Baku, é vista como uma oportunidade de destinar novos fundos diretamente para iniciativas urbanas, principalmente em países em desenvolvimento. Os prefeitos esperam que os governos integrem soluções locais em suas metas climáticas nacionais, ampliando o papel das cidades no combate à crise climática.