A Polícia Civil instaurou um novo inquérito para investigar o processo de contratação do laboratório PCs Lab Saleme. O objetivo da investigação é descobrir como o erro foi cometido e seis pacientes transplantados foram infectados com HIV.
A apuração é feita após a Fundação Saúde, empresa pública ligada à secretaria estadual de Saúde, concluir o relatório e não apontar culpados. Segundo a fundação, não é possível identificar uma conduta infracional isolada ” ou atribuir responsabilidade a um único indivíduo”.
Apesar disso, a empresa disse no relatório que houve falhas desde a coleta do sangue até a fiscalização do laboratório.
O relatório feito pela fundação aponta que o Programa de Transplantes acreditava que duas amostras de sangue eram coletadas e encaminhadas para o Hemorio. Enquanto isso, as outras eram enviadas para o laboratório PCs Lab Saleme. Porém, o Hemorio afirmou que recebia apenas uma dessas amostras, o que aponta para um risco de troca de amostras.
Outro ponto importante é que depois de colhido, o material era retirado e levado para o laboratório por um motorista, o que é considerado grave porque, desde a coleta até a entrega do exame, não há nenhuma supervisão de representantes da Central de Transplantes. Além disso, o material era guardado na geladeira etiquetado com esparadrapo, o que não é recomendado.
Outra falha, dessa vez apontadas pelo Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde, envolve a fiscalização interna da Fundação Saúde ao laboratório PCS Labs Saleme — onde dois exames de HIV deram falso-negativo. Muitas coisas que precisam ser esclarecidas pela Polícia Civil. Para o departamento, a fiscalização insuficiente contribui para falhas nos processos e compromete a segurança dos procedimentos.
Em nota, a secretaria estadual de Saúde disse a sindicância foi concluída em novembro e encaminhada à Polícia Civil para auxiliar nas investigações. A partir do relatório da sindicância, a Fundação adotou uma série de medidas para sanar todas as inconformidades identificadas nos fluxos de processos administrativos e operacionais do sistema.
A Fundação Saúde informou ainda que tornou a interdição cautelar do laboratório PCS Saleme em permanente e aplicou multas que somam R$ 700 mil.
A Polícia Civil informou que seis pessoas foram indiciadas e presas e as investigações são acompanhadas pela Controladoria-Geral do Estado.
O processo criminal dos sócios e funcionários do laboratório PCS Saleme ainda tramita na Justiça do Rio. A primeira audiência do caso está marcada para o dia 24 de fevereiro.