A socialite Regina Gonçalves, de 88 anos, escreveu uma carta a próprio punho contra a decisão da Justiça do Rio que deu prosseguimento ao processo de interdição dela. A determinação, da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Comarca da Capital, nomeou como representante do Estado o curador dativo Júlio Matuch Carvalho. Pela decisão, Júlio tem permissão para entrar no apartamento da idosa quando achar necessário.
A determinação ocorreu no âmbito da ação de interdição interposta pelo ex-motorista José Marcos Chaves Ribeiro. A família alega que ele entrou com o pedido para fazer com que a socialite fosse considerada incapaz e, assim, pudesse controlar toldo o patrimônio de forma definitiva. Familiares e colegas de Regina se mostraram surpresos com a decisão, que ocorre mesmo em meio à procura por José Marcos, hoje considerado foragido, e após a denúncia feita contra ele pelo Ministério Público.
Ao saber da decisão, Regina escreveu uma carta a próprio punho, se queixando da determinação e buscando provar sua lucidez.
‘A Justiça ainda acredita no facínora que move contra mim uma ação de interdição dizendo que eu sou louca e demente’, diz trecho do documento. Por favor, […] não deixem que estranhos entrem na minha casa, que tentem me afastar da minha família. Podem pegar minha fortuna, me deixem em paz’, diz parte do documento.
A determinação, dada pela juíza Lysia Maria da Rocha Mesquita, titular da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital, deu aval para que o curador administre os bens de Regina, mas também para que providencie uma ‘avaliação da idosa em clínica geriátrica’. Isso deixou Regina assustada, devido à possibilidade de que seja internada ou atendia por médicos estranhos. No início da carta, ela escreve:
‘Sou idosa, não tenho mais muito tempo de vida, estão tentando me afastar do meu direito constitucional de dignidade da pessoa humana’.
Mais à frente, a socialite complementa:
‘Eu já fugi de casa e hoje estou na companhia de meu irmão e minha cunhada, meus poucos sobrinhos. Estou feliz. Talvez tenha que fugir novamente. Se é para me colocar novamente e cárcere sob controle de estranhos curadores, eu uma boa hora de morte’.
Foto da carta escrita pela socialite Regina Gonçalves. — Foto: Reprodução
Foto da carta escrita pela socialite Regina Gonçalves. — Foto: Reprodução
Foto da carta escrita pela socialite Regina Gonçalves. — Foto: Reprodução
Entenda o caso:
Regina Gonçalves é viúva do empresário Nestor Gonçalves, dono de uma fábrica de baralhos, e acumulava um patrimônio estimado em R$ 3 bilhões. A família da socialite acusa o ex-motorista de ter mantido Regina isolada dentro do próprio apartamento, em Copacabana, na Zona Sul, sem contato com amigos e parentes durante dez anos. Regina afirma que José Marcos e um grupo de comparsas dilapidaram sua fortuna ao longo dos últimos anos.
O ex-motorista afirma que os dois mantinham um relacionamento desde 2010 e apresentou uma escritura de união estável registrada em 2021. Mas, Regina nega qualquer vínculo amoroso.
O Ministério Público denunciou José Marcos por tentativa de feminicídio, crimes contra a liberdade pessoal e contra o patrimônio. O homem é procurado pela polícia e é considerado foragido.
A CBN não conseguiu contato com os advogados de José Marcos Chaves para um posicionamento.