O Palácio do Planalto emitiu uma ordem para esvaziar a embaixada brasileira em Damasco, na Síria. O comunicado tem o objetivo de retirar servidores e o corpo diplomático. A preocupação do Governo Lula é que, tecnicamente, não há como garantir a segurança do prédio e dos funcionários depois da escalada de tensão com a queda do regime ditatorial, de Bashar al Assad.
Servidores da embaixada, incluindo o embaixador André Luiz Azevedo, serão levados de comboio até o Líbano. A decisão brasileira de esvaziar a embaixada tem apoio da ONU. Isso porque embaixadas de outros países – como Itália e Cuba – foram atacadas no fim de semana.
Atualmente, cerca de três mil e quinhentos brasileiros vivem na Síria. O Ministério de Relações Exteriores informou que orientou os brasileiros que estão no local a deixarem o país – por meios próprios – até o retorno da normalidade.
O Conselho de Segurança da ONU vai se reunir nesta segunda-feira para discutir a queda do regime. O encontro foi convocado pela Rússia, que deu asilo ao ditador.
Após mais de 50 anos da ditadura, Assad foi derrubado por um grupo rebelde e fugiu com a família para Moscou. Ao deixar o país no domingo, o presidente deposto ordenou uma transição pacífica.
A coalizão rebelde que tomou o poder é liderada pelo grupo jihadista Hayet Tahrir al-Sham (HTS). Países ocidentais e árabes temem que os insurgentes possam tentar substituir o regime de Assad por um governo islâmico linha-dura, ou menos inclinado a impedir o ressurgimento de forças radicais.
O Embaixador Paulo Sérgio Pinheiro, Presidente da Comissão de Inquérito da Organização das Nações Unidas, disse entrevista ao Jornal da CBN que neste momento a transição feita pelo HTS é pacífica, mas há muitas incertezas porque há grupos minoritários que dominam outras regiões da Síria.
A velocidade da queda de Assad, em apenas duas semanas de ofensiva rebelde, pegou o mundo de surpresa.
O presidente dos EUA, Joe Biden, saudou no domingo a derrubada de Assad e disse que ele deveria ser “responsabilizado” por seu governo despótico, mas alertou que sua saída gera um momento de “risco e incerteza”.
Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou a queda como uma mudança histórica e destacou os riscos do processo.