Na investigação da PF que mira o envolvimento do ex-ministro Walter Braga Netto na trama golpista, a PF apreendeu arquivos com códigos e senhas que indicam arrecadação de recursos para financiar a mobilização de radicais bolsonaristas em quartéis do Exército. Investigações mostram que o general era um dos braços fortes do ex-presidente Jair Bolsonaro, inclusive na ideia de um suposto golpe de estado. As apurações da PF revelam que era ele quem coordenava e mobilizava os apoiadores, inclusive com indicativo de captação e direcionamento de recursos. A PF agora apura o valor total recolhido e a distribuição desse dinheiro.
Nos depoimentos colhidos pela PF, investigados e testemunhas confirmam a influência que Braga Neto tinha nos acampamentos e entre os apoiadores do então presidente Bolsonaro. Inclusive o ex-ministro atacava generais que se opuseram à trama golpista. Braga Netto chegou a xingar os comandantes do Exército, o general Freire Gomes, e também o da aeronáutica, o brigadeiro Baptista Júnior. Em uma das ocasiões, Braga Netto se referiu aos colegas como “traidores da pátria”.
Ao comparecer à PF para prestar depoimento, Braga Netto ficou em silêncio. O ministro da Defesa, José Múcio, disse nesta segunda-feira que as declarações dos comandantes revelam quem são os culpados, que devem ser punidos.
“Essas declarações dos militares foram muito boas, porque a suspeição saiu do coletivo, e começou a ser individualizada. Agora são eles que estão dizendo quem são os culpados. As três Forças Armadas não participaram. Algumas pessoas que compõem essas forças que tinham vontade de participar disso, mas que serão todas punidas. Eu acho que as três forças participaram da melhor forma possível disso, ou melhor, não participaram”, afirmou.
Nesta segunda, o ex-ministro da Casa Civil e senador, Ciro Nogueira, criticou os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica por não terem denunciado a trama golpista. Ciro Nogueira fala que houve prevaricação e calúnia, ironiza as denúncias feitas à PF e chega a chamar Freire Gomes de criminoso. Ele ainda disse que o general teria apoio se tivesse denunciado a trama golpista.
O advogado do general, Marcus Vinícius Figueiredo, disse à CBN que a defesa não teve acesso a nenhum documento que indicasse suposto financiamento do general Braga Netto aos acampamentos. A defesa afirmou que Braga Netto não tem participação na arrecadação de dinheiro. E disse que ainda não teve acesso à íntegra do processo.