As dezenas de pen drives apreendidos com Flávio Botelho Peregrino, principal assessor do general Walter Braga Netto, segundo fontes, são o melhor caminho no momento, como me disse um investigador, para se buscar pistas sobre o “pessoal do agro” apontado na delação de Mauro Cid como financiadores da tentativa golpista. Uma parte importante dessa investigação é identificar de onde vieram os R$100 mil que teriam sido entregues por Braga Netto ao major Rafael de Oliveira para financiar a operação. O outro caminho é a análise do conteúdo dos celulares apreendidos pela Polícia Federal. A informação é que todo o material já foi captado e já está sendo analisado pela PF.
Após despacho do ministro Alexandre de Moraes, do STF, mencionar suposto financiamento de integrantes do agronegócio para o plano de golpe de Estado, que incluía matar autoridades, a Frente Parlamentar da Agropecuária se manifestou, e falou em “atos isolados”. Em nota divulgada, a frente ruralista defende que os responsáveis sejam identificados e punidos com o máximo rigor da lei, independentemente da atividade econômica de eventuais envolvidos. Contudo, afirmou que é inadmissível que ações isoladas sejam usadas para generalizar e comprometer a imagem de um setor econômico composto por mais de 6 milhões de produtores e que desempenha papel fundamental no desenvolvimento do país.
Em depoimento no STF, o coronel Mauro Cid afirmou ao ministro Alexandre de Moraes, que o general Braga Netto, preso no último sábado, entregou em uma sacola de vinho dinheiro para um dos ‘kids pretos’, e disse que o valor foi obtido “com o pessoal do agro”. Segundo o depoimento, Braga Netto disse que o dinheiro serviria para o financiamento das despesas necessárias à realização da operação – no caso colocar em prática o plano de golpe. Numa reunião na casa dele, segundo o relatório, foi discutido o plano de matar, o presidente Lula, o vice, Alckmin e o ministro Moraes. Isso no mês de novembro para evitar a posse do presidente eleito.
O ex-ministro de Bolsonaro foi preso no sábado por tentar atrapalhar as investigações do inquérito do Golpe. Ele teria tentado inclusive ter informações sobre a delação de Mauro Cid. Braga Netto e um ex-assessor também foram alvos de mandados de busca e apreensão. Com dados dos celulares deles e a partir de arquivos de pendrives que foram apreendidos com o assessor, a PF busca agora saber quem financiou o plano golpista. Investigadores também buscam dados novos para o inquérito. A defesa de Braga Neto afirma que vai provar que ele não atrapalhou as investigações.
Militares da forças armadas acreditam que devem haver novas etapas de operações da PF mirando mais militares, e apostam inclusive numa eventual prisão em breve do general Augusto Heleno.