Um funcionário das Nações Unidas está entre 10 pessoas que morreram durante uma operação militar israelense na Cisjordânia, disseram as forças militares israelenses e a ONU nesta sexta-feira (13).
Sufyan Jaber Abed Jawwad, que trabalhava com saneamento básico no campo de El Far’a na Cisjordânia, “foi baleado e morto no telhado da sua casa por um atirador durante uma operação militar israelita durante a noite da manhã do dia 12 de setembro,” disse a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) em um comunicado.
Jawwad foi atingido por três tiros no peito “enquanto estava no telhado de sua casa tomando um café”, disse a diretora de comunicação da agência, Juliette Touma, à CNN.
Mas os militares israelenses acusaram Jawwad e os outros mortos de serem “terroristas.”
Nadav Shoshani, porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), confirmou que Jawwad foi morto em uma operação na área de Far’a da Cisjordânia e alegou que ele estava “lançando dispositivos explosivos que representavam uma ameaça para as forças que operam na área.”
“As tropas abriram fogo contra ele para remover a ameaça, e ele foi morto”, disse Shoshani. Ele acrescentou que Jawwad era “conhecido das forças de segurança israelenses e ele tinha sido cúmplice em outras atividades terroristas.”
O Exército de Defesa de Israel disse em um comunicado anterior que suas tropas tinham localizado e desmantelado “um veículo equipado com explosivos, laboratórios de explosivos, salas de comunicações operacionais e armas” durante a operação que matou Jawwad.
A CNN contatou a UNRWA para um comentário sobre as alegações do FDI.
Jawwad é o primeiro funcionário da UNRWA a ser morto na Cisjordânia em mais de 10 anos – ele deixa sua esposa e cinco filhos, segundo a UNRWA.
Em Gaza, pelo menos 220 funcionários foram mortos desde 7 de outubro, disse o chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, em um post no X.
O ministério das Relações Exteriores da Jordânia condenou o assassinato de Jawwad em um comunicado na sexta-feira, chamando-o de “um crime hediondo.”
O exército de Israel já expressou desconfiança em relação a alguns funcionários da UNRWA.
Em janeiro, acusou vários integrantes da UNRWA em Gaza de envolvimento direto no ataque terrorista liderado pelo Hamas em 7 de outubro contra Israel.
Uma investigação da ONU em agosto descobriu que nove funcionários da UNRWA “podem ter” se envolvido na ação e não trabalham mais na agência.
As Brigadas Al-Quds, a ala militar da Jihad Islâmica, disseram que os cinco mortos em Tubas eram membros do Batalhão Tubas na Cisjordânia que estavam “preparando emboscadas e dispositivos explosivos contra” forças israelenses.
A morte vem em meio à crescente ação militar israelense na Cisjordânia.
As recentes operações israelenses tiveram um forte impacto nos recursos humanitários na área, deixando os campos de refugiados de El Far’a, Tulkarem, Nur Shams e Jenin “especialmente afetados” e destruindo infraestruturas básicas, incluindo água e eletricidade, disse a UNRWA.
A agência disse que foi forçada a suspender seus serviços para os refugiados na área por causa do “risco inaceitável” colocado tanto aos funcionários quanto aos beneficiários da ajuda por grupos israelenses e palestinos, incluindo o perigo representado por “dispositivos explosivos improvisados.”
No início desta semana, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, pediu “mudanças fundamentais” na forma como as forças israelenses operam na Cisjordânia após a morte do ativista americano Aysenur Ezgi Eygi em um protesto na semana passada.
A repreensão veio depois que o FDI disse que era “altamente provável” que Eygi foi “atingido indiretamente e sem intenção pelo fogo do FDI.”
Cerca de 700 palestinos foram mortos na Cisjordânia desde outubro, segundo o Ministério da Saúde palestino em Ramallah e a ONU. Os números não distinguem entre militantes e civis.