Você sabe o que é xenotransplante? O nome se refere à troca de órgãos entre espécies diferentes, como um porco e um ser humano vivo, e foi o que fez o médico brasileiro Leonardo Riella. Ele foi o responsável pela equipe que realizou o primeiro transplante de rim de um porco para um homem vivo. A cirurgia inédita, divulgada nesta quinta-feira (21), ocorreu no Hospital Geral do Massachussetts, nos Estados Unidos.
Esse transplante de um rim de um porco para um ser humano representa um avanço para pessoas que aguardam por um transplante. No Brasil, 90% das pessoas na fila de espera precisam de um rim. O paciente é Richard ‘Rick’ Slayman, de 62 anos, que vivia com doença renal crônica terminal.
Por que transplante com órgãos de porco?
O porco foi escolhido por ter um rim parecido com o rim dos seres humanos. A pesquisa já era desenvolvida há cinco anos, mas o maior desafio era verificar a resposta do sistema imunológico, já que poderia haver rejeição de um tecido estranho. O transplante de órgãos suínos em pessoas é estudado há décadas pela semelhança entre os órgãos dos animais e dos humanos.
Como foi feito o transplante?
O rim do porco foi geneticamente modificado. Foram retirados genes suínos que prejudicavam a resposta do corpo humano e foram acrescentados genes humanos. Os cientistas também inativaram retrovírus endógenos (elementos semelhantes dentro do genoma e podem ser derivados de retrovírus) suínos no doador com o objetivo de eliminar qualquer risco de infecção. Até dar certo, os órgãos chegaram a ser testados em macacos.
Transplante de rim de porco feito para um ser humano vivo — Foto: TV Globo
De acordo com Leonardo Riella, médico brasileiro que comandou o transplante, a recuperação do paciente é avaliada como positiva.
“Toda semana, temos que retirar pacientes da lista de espera porque ficam muito doentes para fazer um transplante durante a diálise. A disponibilidade oportuna de um rim poderia dar a oportunidade a milhares de pessoas de obter um tratamento muito melhor para a insuficiência renal do que a diálise”, explica.
O órgão de regulação norte-americano, o FDA, Federal Drug Administration, aprovou o transplante.
Em 2021, como parte de uma pesquisa, médicos de Nova York conduziram um procedimento semelhante, em uma pessoa que teve morte cerebral.
Ouça o comentário do Dr. Luis Fernando Correa sobre o assunto, que foi tema da coluna “Saúde em Foco“, nesta quinta-feira (21).
* Estagiária sob supervisão de Laura Rocha