Nos Estados Unidos, as pesquisas de intenção de voto desde o começo do ano mostram resultados apertados entre Donald Trump e Joe Biden.
Para entender esse cenário, a reportagem conversou com o repórter sênior de análise de dados da CNN nos Estados Unidos – Harry Enten.
“Se a eleição fosse hoje, qualquer um dos candidatos poderia ganhar. As pesquisas não são precisas o suficiente. Não são previsíveis o suficiente para falar de uma disputa tão acirrada”, afirmou Enten.
O que os dados apontam, no entanto, é que os eleitores de Biden são mais prováveis de irem às urnas do que os de Trump – uma vez que o voto nos Estados Unidos não é obrigatório.
Porém, há grupos tradicionalmente democratas que as pesquisas mostram que neste ano não devem votar no atual presidente. São eles: o eleitorado negro, jovem e latino.
Segundo Enten, “os eleitores negros parecem insatisfeitos com a economia e a inflação”, tema que permeia a candidatura e o governo de Biden.
Estados-pêndulo são mais importantes do que nunca:
Um fator muito importante para entender as eleições dos Estados Unidos é que diferentemente do Brasil, quem leva a maioria dos votos não necessariamente ganha as eleições.
“Você pode ganhar a maioria dos votos no país, mas isso não importa”, afirmou Enten.
E, é por isso, que a atenção neste ano está voltada mais do que nunca para os estados-pêndulo. Esses locais são aqueles que não são tradicionalmente democratas ou republicanos.
Normalmente são os resultados dessas regiões que determinam a vitória nas eleições americanas. São eles: Nevada, Arizona, Wisconsin, Geórgia, Michigan e Pensilvânia.
Em 2020, Biden venceu em todos os seis estados, o que garantiu a vitória à Casa Branca.
Porém, um levantamento do jornal americano The New York Times, de maio, apontou que o ex-presidente lidera as intenções de voto em cinco dos seis decisivos – mas como todas as outras pesquisas, a disputa está acirrada.
Preocupação dos eleitores americanos:
Na maioria das vezes, a eleição nos Estados Unidos é focada nos problemas internos, e essa não será diferente.
“O pleito de 2024 é primordialmente sobre problemas domésticos. Poucos eleitores baseiam seus votos no que está acontecendo tanto na Ucrânia ou tanto em Gaza”, afirma Enten.
O foco número um deste ano é a economia, especificamente a inflação. E por mais que os índices nos Estados Unidos estejam sob controle no último ano, os preços subiram muito desde a pandemia e é isso que fica na mente dos americanos.
O que importa é o perfil dos candidatos:
Entre guerras, problemas na economia e casos na justiça, o que mais preocupa os eleitores americanos, é a figura dos candidatos:
“A principal resistência dos eleitores contra Biden é que ele está muito velho. E a principal reclamação contra Trump sempre foi o seu temperamento, sempre foi que ele está fora do controle”, comenta Enten.
O debate desta quinta-feira (27) será o começo de uma longa campanha – haverá tempo para os dois candidatos moldarem o eleitorado para vencer a disputa?