O futuro da Inteligência Artificial. Kay Firth-Butterfield traça cenário do uso da tecnologia nos negócios

A partir desse momento, Kay traçou um longo caminho que a fez se consolidar como referência no assunto. Em 2014, por exemplo, ela foi a primeira no mundo a ocupar um cargo como Diretora de Ética em IA. Mas o grande destaque veio em 2017, quando se tornou a primeira líder da área de Inteligência Artificial e Machine Learning do Fórum Econômico Mundial, posição que ocupou durante seis anos – e, ainda hoje, faz parte do conselho executivo da organização.

Atualmente, a advogada é CEO da Good Tech Advisory LLC, Conselheira Executiva da The Cantellus Group, colunista de IA no The Innovator e foi homenageada com o TIME Impact Awards 2024 por seu trabalho em prol do uso responsável da IA em governança.

Em entrevista à série especial “O Próximo Nível da Inteligência Artificial”, apresentada por Embratel e Claro, Kay Firth-Butterfield traçou uma análise sobre o desenvolvimento e uso dessa tecnologia atualmente e, também, trouxe algumas orientações para que empresas e organizações apliquem a IA de forma ética.

Desde 2011, as conversas sobre os usos e impactos da Inteligência Artificial se transformaram consideravelmente. Lá atrás, quando Kay estava começando a se envolver no tema, as discussões giravam em torno de temas como superinteligência e transumanismo.

Segundo a advogada, com o tempo essas conversas foram se transformando, passando a focar mais no uso dessa tecnologia nos negócios, em governos e na nossa vida privada, por exemplo. E, principalmente, como fazer isso de forma prudente, dando luz a questões relacionadas à equidade, preconceitos, privacidade e transparência no uso da IA:

“Quando falamos de negócios, essas questões são importantes. Porque os consumidores estão cada vez mais assustados em relação à IA e nossos trabalhadores estão preocupados se a IA vai roubar seus empregos. Então precisamos construir confiança”.

Depois do grande boom da Inteligência Artificial nos últimos anos, essa tecnologia passou a ser figurinha repetida no dia a dia das empresas. De acordo com um estudo realizado pela McKinsey & Company, em 2024 mais de 70% das empresas do mundo já adotaram a IA. Então, seja você um CEO ou um estagiário, é quase certo que já utilizou essa tecnologia de alguma forma.

Ao mesmo tempo, temos visto crescer também o discurso da regulamentação da IA. Aqui no Brasil, por exemplo, já existem projetos de lei em tramitação que buscam a criação de normas para o uso dessa tecnologia no país.

Neste cenário, cada vez mais empresas vêm adaptando seus modelos para receber essas transformações e preparar suas estruturas para o uso mais ético da Inteligência Artificial. Sobre isso, Kay destaca alguns possíveis caminhos:

“Primeiro de tudo, o CEO precisa explorar o horizonte. O que está vindo junto com a IA? Como isso vai afetar sua empresa? Além disso, o Conselho dessas empresas precisa entender como a IA funciona. É preciso começar a promover cursos sobre essa tecnologia ou trazer um especialista. Se sua empresa tem uso intensivo de IA, é preciso treinar cada um dos seus funcionários e estabelecer regras gerais que todos devem seguir. É perigoso não ter essas regras”.

Por mais que o cenário tenha se transformado bastante, a igualdade de gênero no setor da tecnologia ainda é um desafio que precisa ser superado. Na Pesquisa Cargos Tech e Digital 2023, por exemplo, os homens representam 70% da força de trabalho nesse campo.

Kay reconhece que o meio da Ciência ainda é hostil às mulheres e reforça que é preciso mudar esse cenário para, assim, criar uma IA mais múltipla:

“Precisamos de mulheres desenvolvendo os algoritmos. Quando se pensa em adquirir um sistema de IA, as empresas precisam pensar em times mais diversos com mulheres e pessoas de diferentes etnias, por exemplo”.