Um dos filmes mais premiados até o momento pela crítica americana – inclusive vencendo o Globo de Ouro de Filme de Drama -, o filme “O Brutalista” se envolveu em uma polêmica neste fim de semana. O longa, dirigido por Brady Cobert, usou inteligência artificial para duas situações diferentes. A descoberta não foi escondida, visto que foi revelada pelo editor da produção, Dávid Jancsó, em entrevista ao site RedSharkNews.
Segundo o montador, o primeiro uso da ferramenta de IA foi para aprimorar o sotaque do elenco, visto que boa parte do filme se passa na Hungria, porém os atores tem como língua principal, a maioria, o inglês. Dessa forma, o software foi pensado para soar mais real quando eles falassem húngaro. A iniciativa teve inclusive consentimento dos atores Adrien Brody e Felicity Jones.
“Alguns ajustes foram necessários para melhorar letras específicas dos sons vocais deles. Se você vem de um mundo anglo-saxão, certos sons podem ser difíceis de conseguir. Nós primeiros tentamos usar a substituição automatizada de diálogos para com esses elementos usados pelos atores, e depois tentamos o mesmo processo com outros atores no lugar e isso não funcionou”, contou ao site.
“Sou um falante nativo de húngaro e sei que é uma das línguas mais difíceis de aprender a pronunciar. Mesmo com a origem húngara de Adrien (a mãe dele é uma refugiada húngara que emigrou para os EUA em 1956), não é tão simples. É uma língua extremamente única. Nós treinamos e eles fizeram um trabalho fabuloso, mas também queríamos aperfeiçoá-lo para que nem mesmo os locais notassem qualquer diferença”, completou.
O aplicativo usado foi o Respeecher, uma empresa que justamente aperfeiçoa a voz através da IA. A empresa também trabalhou para outros filmes nesta mesma temporada, como “Emilia Pérez”. Os internautas resgataram uma entrevista do técnico de som Cyril Holtz durante o Festival de Cannes em que ele falou que foi usada a inteligência artificial para aprimorar a voz da protagonista Karla Sofía Gascón durante algumas canções, para que pudesse cantar perfeitamente suas partes.
Além disso, Jancsó revelou que ainda há o uso de inteligência artificial na parte final do filme, quando são mostrados alguns desenhos feitos pelo personagem principal – um arquiteto na trama. O editor comenta que foi usado um gerador de imagens para criar a base e ajudar um ilustrador posteriormente, que criou as artes que são vistas no filme.
“É controverso na indústria falar sobre IA, mas não deveria ser. Deveríamos ter uma discussão muito aberta sobre quais ferramentas a IA pode nos fornecer. Não há nada no filme usando IA que não tenha sido feito antes. Isso apenas torna o processo muito mais rápido. Usamos IA para criar esses pequenos detalhes que não tínhamos dinheiro ou tempo para filmar”, finaliza.
“O Brutalista” conta a história de um arquiteto visionário que foge da Europa pós-guerra para os Estados Unidos para reconstruir sua vida, carreira e casamento. Sozinho em um novo país estranho, ele se estabelece na Pensilvânia, onde um rico e proeminente industrial reconhece seu talento.