No Show da Notícia, Paulo Galvão entrevistou Flávia Lacerda, que fez dupla com Guel Arraes na direção de “O Auto da Compadecida 2”.
“O Auto da Compadecida 2” estreou no dia 25 de dezembro nos cinemas brasileiros e mostra os malandros João Grilo (Matheus Nachtergaele) e Chicó (Selton Mello), que retornam 25 anos depois da sua última aventura. A sequência tem trama original, mas também se baseia em peças de Ariano Suassuna. O roteiro foi escrito por Guel Arraes, João Falcão, João Furtado e Adriana Falcão.
O longa estreou com sucesso nas bilheterias brasileiras, e para saber mais detalhes de bastidores, a CBN conversou com uma das responsáveis pela criação do filme. No Show da Notícia, o âncora Paulo Galvão entrevistou Flávia Lacerda, que fez dupla com Guel Arraes, diretor do primeiro “O Auto da Compadecida”.
A diretora Flávia Lacerda. — Foto: Reprodução
Abordando o receio do público com um segundo filme de “O Auto da Compadecida”, inclusive considerando que o texto de Ariano Suassuna não tem continuação, a diretora Flávia Lacerda diz que o filme só aconteceu quando houve certeza de que tinham em mãos “uma boa história para contar”, e que a preocupação era em ser fiel à essência de Suassuna.
“Foi apenas quando se teve uma ideia do roteiro, quando se teve a certeza que tinha de fato uma história para contar e que essa história tinha uma certa relevância no momento atual do Brasil, foi que se bateu o martelo em fazer o filme. A gente não queria ter esse compromisso sem ter uma boa história para contar, e aí quando essa história apareceu, tomou forma, aí sim a gente conseguiu apostar. Porque na verdade o próprio Ariano também bebia em outras fontes, na fonte do romanceiro popular ou dos contos medievais. E esse segundo Auto também tem isso: vai chafurdar um pouco, fazer um garimpo na própria obra do Ariano, trazendo personagens do universo dele, mas o roteiro é totalmente original, apesar de trabalhar com os mesmos arquétipos. E o mais sério para a gente foi ser o mais fiel possível à essência do Ariano, que é a luta pela sobrevivência, uma crítica ao poder, uma crítica à corrupção, um questionamento sobre a fé, isso era o que nos balizava e o que a gente mais perseguiu, é ser fiel a essa essência.”
Flávia Lacerda comemorou o sucesso do filme nos cinemas, principalmente entre o público do Norte e Nordeste do país, e afirmou que a intenção de trazer uma nova história de João Grilo e Chicó mais de vinte anos depois partiu da vontade de que o brasileiro pudesse “voltar a se reconhecer na tela do cinema”.
“A gente bateu mais de 600 mil expectadores, eu acho, nesses três primeiros dias, muito mais do que se esperava. Se a gente conseguir passar de um milhão daqui para o próximo ano vai ser genial. A gente tem uma receptividade e um carinho enorme do Nordeste e do Norte, é muito bonito de ver como o filme toca as pessoas, e é muito interessante esse fenômeno das redes sociais porque chegam para a gente mensagens de muitos lugares diferentes, e as pessoas realmente muito, muito comovidas. E eu acho que o se reconhecer na tela do cinema, que era a nossa intenção ou pelo menos a fagulha que fez nascer a intenção de fazer um Auto da Compadecida 2, era que o brasileiro voltasse a se reconhecer na tela, isso está acontecendo e isso dá um calorzinho no coração aqui de todos nós que trabalhamos para isso.”
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