Na primeira agenda da pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo com Marta Suplicy (PT), Guilherme Boulos (PSOL) mirou em provocações e críticas contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e exaltou feitos dos governos “de esquerda” na capital paulista.
Para Boulos, Nunes se comporta como ‘tchutchuca de Bolsonaro’ e não como o prefeito da maior cidade da América Latina.
‘Vai pra avenida Paulista para celebrar um golpe… Esse prefeito se comporta como uma tchutchuca do Bolsonaro, não como um prefeito da cidade de São Paulo’.
Na saída, a jornalistas, ele reforçou a crítica: ‘É um prefeito que se omite, se esconde, apagado, submetendo São Paulo a esse constrangimento dele ir no palanque do Bolsonaro para se defender de golpe de Estado’, declarou Boulos, dizendo que São Paulo é uma cidade historicamente democrática, diversa e que nunca aceitou projetos intolerantes.
O pré-candidato ainda criticou as diversas faixas que têm agradecimentos da comunidade a Ricardo Nunes. Na terça (21), o PSOL entrou com uma ação no Ministério Público contra o prefeito por propaganda eleitoral antecipada e abuso de poder político. Entre as irregularidades apontadas na peça, estão as faixas padronizadas com nome e foto do prefeito e mensagens de ‘agradecimento’ a Nunes por obras realizadas pela gestão municipal.
Marta Suplicy e Guilherme Boulos no CECI Tenonde Porã — Foto: Marcella Lourenzetto / CBN
No discurso desta quinta, Boulos lembrou o que chamou de ‘legado dos governos populares de Marta Suplicy’:
‘Foi nos governos populares com a Marta que teve CEU, Bilhete Único, Terminal Parelheiros e Terminal Varginha, corredor de ônibus de Parelheiros até Santo Amaro…’, elencou.
A primeira agenda conjunta de Guilherme Boulos e Marta Suplicy ocorreu no extremo sul de São Paulo, reduto eleitoral da petista.
O pré-candidato à Prefeitura e a vice dele visitaram o Centro de Educação e Cultura Indígena Tenonde Porã, em Parelheiros, que foi criado na gestão de Marta Suplicy em 2004. Ao lado de lideranças indígenas, eles assinaram um documento de compromisso com reivindicações da aldeia.
Marta e Boulos plantam uma muda de Cambuci em Parelheiros — Foto: Marcella Lourenzetto / CBN
A petista é reconhecida na área, enquanto Boulos chega como novidade. Na disputa à Prefeitura em 2016, Marta venceu os adversários em Parelheiros. Em 2020, em meio a pandemia de COVID-19, não deixou de fazer campanha na região para Bruno Covas e o agora rival Ricardo Nunes, usando o ‘Martamóvel’, um carro adaptado sem contato físico com a população.
Nesta quinta, ao lado de Boulos, ela voltou às ruas de Parelheiros, no centro comercial, num clima de campanha ainda murcho.
Os pré-candidatos plantaram uma muda de Cambuci na Praça Júlio César de Campos, com símbolo para reafirmar o compromisso com o meio ambiente na cidade.
Crise com Israel
Negando se esquivar do assunto, Guilherme Boulos, voltou a condenar os ataques de Israel à Faixa de Gaza, mas não comentou a crise diplomática causada pelo presidente Lula, seu aliado político.
‘Minha posição é absolutamente clara de condenação do massacre que está sendo feito, conduzido pelo governo de extrema-direita do Benjamin Netanyahu na Faixa de Gaza, de condenação dessa seletividade moral de gente que agora sai condenando e atacando Lula pela declaração que deu, inclusive o prefeito de São Paulo, e que eu não vi dizer um pio quando caiu bomba sobre escola na Faixa de Gaza, quando caiu bomba sobre hospital’, destacou Boulos.
Chamando o ataque do Hamas de ‘terrorista’, o deputado federal do PSOL afirmou que condena o atentado, mas que não se omite diante do massacre conduzido por Israel contra palestinos.
‘Eu condenei os ataques terroristas do Hamas, mas isso não significa em nenhum momento silenciar sobre esse absurdo que está sendo conduzido na Faixa de Gaza’, pontuou.
Nesta semana, durante entrevista, Boulos chegou a dizer que não era comentarista de falas do presidente. Declarou, também, que não era pré-candidato à Tel-Aviv quando foi questionado sobre a fala de Lula comparando os ataques israelenses com o holocausto.
Para Guilherme Boulos, o premiê israelense e o chanceler não têm ‘nenhuma autoridade moral’ para apontar o dedo ao Brasil.