Ao contrário do que queria o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a semana terminou sem anúncio do pacote de gastos. O presidente Lula se reuniu por três horas e meia nesta sexta-feira com 9 ministros, entre eles de áreas consideradas estratégicas, como Saúde, Educação e Trabalho. Mas o encontro terminou, mais uma vez, sem qualquer anúncio. Com a indefinição em torno das medidas, o mercado reage ansioso. Nesta sexta-feira, a bolsa de Valores de São Paulo fechou em baixa de 1,43% e o dólar em alta de 1,09%, vendido a R$ 5,73. Na quinta-feira, o dólar tinha fechado o dia em R$ 5,67.
Antes de fazer o anúncio, Lula deve conversar com os os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, já que o texto precisa ser enviado ao Congresso por meio de uma PEC e aprovada pelos parlamentares. As centrais sindicais também pediram uma agenda com o presidente, que ainda não foi marcada, mas está em negociação. O adiamento das medidas tem relação com a falta de acordo entre a equipe de Lula. A ala social tenta convencer o presidente a preservar benefícios sociais e, com isso, evitar reduzir o orçamento desses programas. A ala econômica, porém, tenta preservar as regras fiscais e insiste sobre a necessidade de preservar o arcabouço. Para isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, têm dito que o caminho é reduzir despesas obrigatórias.
Entre as medidas que estão em discussão, estão impactos em benefícios, com a possibilidade de restringir pagamentos, como no BPC, além do abono salarial, seguro-desemprego e a multa de 40% do FGTS em casos de demissões sem justa causa. Os gastos com o Fundeb também entraram na mira do governo, assim como benefícios em previdência social e mudanças em pisos constitucionais, o que afeta as áreas da saúde e educação.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, chegou a ameaçar deixar o governo, caso benefícios trabalhistas fossem atingidos. Mas a ideia é limitar essas despesas segundo as regras do arcabouço fiscal, a 70% da alta da receita do governo.