Foram mais de seis horas de festa e discussão sobre direitos e oportunidades para a comunidade.
Bloco de carnaval, grupos de dança, drag queens e DJs se reuniram, nesse sábado (25), para a primeira edição da Parada Negra LGBT+ de Belo Horizonte. O evento aconteceu no Dia Mundial da África. Essa parada, novidade na cidade, tem o objetivo de chamar atenção para uma discussão sobre os desafios enfrentados pelas duas comunidades: negros e LGBT+.
O tema de estreia é “Do Erê ao Ancestral”, que chama atenção para a violência contra as pessoas negras, em especial os mais jovens. O coordenador estadual da Rede Afro LGBT, Thiago Santos, falou sobre a temática.
“Nós entendemos que, neste primeiro momento ,a gente tem que debater a vida da nossa juventude. Porque nós acreditamos que a população negra, assim como as pessoas não negras, também tem o direito de passar por todas as fases da vida. Então, nós queremos ser criança, nós queremos ser jovens com qualidade de vida, com acesso a educação, entre outros direitos básicos, né”
A parada foi organizada pela Rede Afro LGBT. — Foto: Bruna Bentes
A concentração começou com trio elétrico já tocando músicas. Um dos grupos que se apresentaram foi o Afoxé Bandarerê. O vocalista e também professor musical, Marcus Reis, falou um pouco da potência da música e das artes na luta por direitos:
“Construção da educação através da cultura e da arte e da musicalidade. Belo Horizonte já é uma cidade muito conhecida por ter essa relação próxima com a cultura e uma diversidade muito grande. É valorização da cultura negra em um evento tem o tema como central, com temas como a promoção da igualdade racial, sobretudo dentro da do movimento LGBTQIA.”
O ato agrega outras pautas que acabam sendo agravadas pelo racismo e pela homofobia. Márcio Ricardo integra o movimento de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV de Minas e diz que a parada também é espaço para falar de saúde:
“Estou dentro dessa política para falar também sobre questões da saúde, da saúde psicológica, física em relação a tratativa dessas pessoas dentro do serviço de saúde. A gente sabe que são pessoas muito marginalizados por questões culturais, sociais e de georreferência. Hoje é um marco muito importante pra Belo Horizonte para celebrarmos esse dia da visibilidade. Trazer essa parada é pra dizer que os nossos corpos devem ocupar todos os espaços que eles queirem estar inseridos.”
O mês de maio é o mês de combate ao racismo. A Parada Negra de Belo Horizonte se torna a terceira do gênero no Brasil. A primeira foi em João Pessoa, na Paraíba, e a segunda em São Paulo capital. A ideia é que o evento ocorra todos os anos na capital mineira.