O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, orientou as Forças Armadas do país a continuarem na área do Monte Hérmon, na Síria, pelo menos até o final de 2025, de acordo com uma fonte à CNN na quarta-feira (18).
Israel capturou o ponto estratégico, que é a montanha mais alta da Síria, após a queda do regime de Bashar al-Assad no início deste mês. As autoridades israelenses, incluindo Netanyahu, caracterizaram a operação como “uma medida de segurança temporária”.
A fonte argumentou que a orientação de Netanyahu para soldados no Monte Hérmon tem como objetivo manter as forças no local por tempo suficiente para que a situação política e de segurança na Síria se estabilize.
O premiê também está esperando, segundo a fonte, para entender se os novos líderes da Síria pretendem cumprir um acordo de 1974 que criou uma zona desmilitarizada que separou as forças israelenses e sírias por 50 anos.
Até a queda de Assad, o cume foi desmilitarizado e patrulhado por forças de manutenção da paz da ONU.
O novo líder da Síria, Ahmed al-Sharaa, mais conhecido por Abu Mohammad al-Jolani, acusou Israel de violar “o compromisso” devido às suas ações recentes na Síria. Vários países árabes acusaram Israel de aproveitar a instabilidade no país viziho para conseguir mais terras e “ocupar mais territórios sírios”.
No entanto, Netanyahu reafirmou a necessidade de controlar a área por razões de segurança, dizendo que “Israel não permitirá que grupos jihadistas ocupem a região e ameacem as comunidades israelenses” nas Colinas de Golã.
No domingo (15), o governo israelense aprovou um plano do primeiro-ministro para expandir os assentamentos nas Colinas de Golã, segundo um comunicado do gabinete de Netanyahu que destacava um “desejo de duplicar a população” na região.
O Monte Hérmon é uma posição estratégica com vista para o Líbano, a Síria e Israel. Fica também a pouco mais de 35 quilômetros de Damasco.
Entenda o conflito na Síria
O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.
O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.
*Mostafa Salem e Nadeen Ebrahim contribuíram com esta matéria
Quem é a família de Bashar al-Assad, que governou a Síria por mais de meio século