O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, depôs pela primeira vez em um longo julgamento por corrupção nesta terça-feira (9). Ele alega estar sendo perseguido por suas políticas de segurança agressivas.
Antes de Netanyahu nenhum premiê em exercício de Israel foi acusado de um crime. O testemunho acontece, ao mesmo tempo, em que o governo israelense está envolvido em uma guerra em Gaza e enfrenta possíveis novas ameaças causadas pela turbulência regional, incluindo a Síria.
Na semana passada, juízes determinaram que o governante, formalmente acusado em 2019, deve depor três vezes por semana, forçando-o a fazer malabarismos entre o tribunal e a sala de guerra no Ministério da Defesa israelense, a poucos minutos do tribunal.
Como líder do partido de direita de Israel, Likud, Netanyahu atacou a mídia israelense o que ele chamou de postura esquerdista e acusou os jornalistas de terem o perseguido durante anos porque suas políticas não se alinhavam com a pressão para criação de um Estado Palestino.
“Estou esperando há oito anos por este momento para dizer a verdade”, exclamou Netanyahu ao tribunal com três juízes. “Mas também sou um primeiro-ministro, estou conduzindo o país em uma guerra. Acho que as duas coisas podem ser feitas em paralelo.”
Acusações
Promotores da acusação dizem que Netanyahu concedeu favores regulatórios no valor de cerca de 1,8 bilhão de shekels (US$ 500 milhões) ao grupo de comunicação Bezeq Telecom Israel, em troca de uma cobertura positiva dele e da esposa Sara, para um site de notícias controlado pelo ex-presidente da empresa.
O primeiro-ministro também é indiciado por negociar um acordo com o proprietário do jornal israelense Yedioth Ahronoth, para obter uma melhor cobertura em troca de legislação para desacelerar o crescimento de um jornal rival.
Netanyahu nega as alegações e se diz inocente.
Durante a audiência ele ficou de pé ao invés vez de se sentar no banco das testemunhas no depoimento matinal.
“Se eu quisesse uma boa cobertura, tudo o que eu teria que ter feito seria sinalizar em direção a uma solução de dois Estados. Se eu tivesse dado dois passos para a esquerda, teria sido aclamado”, falou.
Em resposta o premiê se descreveu como um firme defensor da segurança de Israel, resistindo às pressões de potências internacionais e de uma mídia doméstica hostil.
Entenda o conflito na Faixa de Gaza
Israel realiza intensos ataques aéreos na Faixa de Gaza desde o ano passado, após o Hamas ter invadido o país e matado 1.200 pessoas, segundo contagens israelenses. Além disso, o grupo radical mantém dezenas de reféns.
O Hamas não reconhece Israel como um Estado e reivindica o território israelense para a Palestina.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu diversas vezes destruir as capacidades militares do Hamas e recuperar as pessoas detidas em Gaza.
Além da ofensiva aérea, o Exército de Israel faz incursões terrestres no território palestino. Isso fez com que grande parte da população de Gaza fosse deslocada.
A ONU e diversas instituições humanitárias alertaram para uma situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza, com falta de alimentos, medicamentos e disseminação de doenças.
A população israelense faz protestos constantes contra Netanyahu, acusando o premiê de falhar em fazer um acordo de cessar-fogo para os reféns sejam libertos.