A safra do café em 2024 deve ter uma redução de 23% segundo um levantamento prévio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais. Conforme a Faemg, a estimativa é mais acentuada do que a média do país divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento, na última semana, que prevê uma redução de 0,5% na produção na comparação com 2023.
Os dados foram levantados pela Faemg com mais de 1.700 produtores rurais, nas quatro regiões produtoras do estado, uma vez que Minas é o maior produtor nacional do café e o estado que mais exporta. A analisa de agronegócios do Sistema Faemg Ana Carolina Gomes explica que a quebra de safra está diretamente associada às mudanças climáticas.
“Majoritariamente, em Minas Gerais, é produzida a espécie arábica e essa espécie, por natureza, ela já é mais sensível às adversidades climáticas. A gente tem relatos de produtores, desde o início da colheita, já reclamando principalmente em relação ao rendimento da safra, ou seja, o tamanho do grão que não foi suficiente. Isso está principalmente atrelado às altas temperaturas, que foram registradas entre outubro e dezembro de 2023, período ali crucial no desenvolvimento da florada e dos grãos”, explicou.
Com menos oferta de grãos, em agosto, o preço da saca do café arábica bateu R$ 1400,00 no mercado, gerando impactos para toda a cadeia, inclusive, a alta dos custos para os consumidores.
A grande preocupação da Faemg é com a possibilidade da prorrogação da seca severa que atinge o estado, atrasando, assim, a temporada de chuvas, em outubro. Esse período é essencial para a nova florada do café e pode impactar na redução de safra também para o próximo ano.
A analista Ana Carolina Gomes reforça, ainda, a importância dos investimentos em tecnologias e práticas de manejo sustentável para mitigar os impactos das mudanças climáticas na produção cafeeira em Minas Gerais.
“A gente fomenta junto aos produtores é a adoção de boas práticas dentro da propriedade. Aqueles que conseguirem implementar essa tecnologia de irrigação é excelente, mas a gente sugere aos produtores buscar alternativas. Entre elas, o uso de matéria orgânica, a cobertura de solo, para minimizar e gerar umidade dentro daquele solo, entre outras práticas agronômicas para minimizar esses impactos. Mas, se chover, a gente pode vir a ter uma safra boa no ano que vem”, disse.
Diante da crise climática, a Comissão Técnica de Café da Faemg informou que vem atuando junto ao Governo de Minas para auxílio na elaboração de laudos técnicos de constatação das perdas, e no âmbito federal, para ampliar recursos e subsídios para a contratação de seguros pelos produtores.