O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, deve encaminhar nesta segunda-feira (25) o inquérito do golpe para análise da Procuradoria-geral da República. Moraes é o relator do caso e recebeu na semana passada todo o relatório da Polícia Federal com o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas no caso. Os investigadores juntaram provas e documentos que mostram a organização de um golpe de estado e o planejamento dos assassinatos do presidente Lula e do vice, Geraldo Alckmin, e do próprio ministro Moraes.
O programa Fantástico, da TV Globo, trouxe áudios dos golpistas que foram localizados em celulares dos militares Kids Pretos, das forças especiais do Exército, que planejaram as ações. Segundo a investigação da Polícia Federal, o general da reserva Mário Fernandes foi o principal articulador do plano. Os áudios circulavam em grupo de militares de alta patente após o segundo turno das eleições de 2022 e foram usados como prova para o indiciamento do general.
A investigação afirma ainda que os acampamentos em frente aos quartéis no final de 2022 faziam parte de um movimento orquestrado pelos militares e que o general Mário Fernandes inclusive era o principal elo entre os manifestantes e o governo Bolsonaro. Em um dos áudios, Mário Fernandes se comunica com o então chefe da Secretaria-Geral da Presidência, general Luiz Eduardo Ramos, afirmando, sem provas, que houve fraude nas eleições e que é preciso inflamar as massas.
Está na cara que houve fraude. Não dá mais para a gente aguentar essa P***. Está na hora de inflamar as massas
Um dos áudios do general Mário Fernandes, que foi preso na semana passada, mostra que o então presidente Jair Bolsonaro sabia das ações golpistas.
Em 8 de dezembro, às 10 e 56 da noite, o general enviou um áudio ao tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, cobrando ação e citando conversa que tivera com o então presidente:
Durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição. Qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo. Aí na hora eu disse, ‘pô presidente, mas o quanto antes. A gente já perdeu tantas oportunidades’
No dia 12 de dezembro, data da diplomação do presidente Lula, manifestantes tentaram invadir o prédio da Polícia Federal e incendiaram carros e ônibus em Brasília.
Todo esse material recolhido pela PF está no inquérito e será encaminhado para análise do PGR Paulo Gonet.