Moradores da Vila Mariana registraram um boletim de ocorrência para denunciar rachaduras após a retomada das obras do Túnel Sena Madureira. O grupo ainda reclama da remoção de duas comunidades e da derrubada de árvores
As obras do Túnel Sena Madureira, na Zona Sul, foram retomadas recentemente pela prefeitura. E moradores da região reclamam que a volta dos trabalhos tem provocado rachaduras em algumas casas.
Foi registrado um boletim de ocorrência contra a Álya Construtora, a antiga Queiroz Galvão, responsável pela obra.
As rachaduras apareceram nas casas da comunidade Souza Ramos, uma das duas previstas para serem removidas. No local, vivem cerca de 80 famílias. Os moradores reclamam que ainda não foram procurados pela prefeitura.
Eles afirmam que a construtora tem usado os muros das garagens como ‘arrimo’, suporte para as obras do túnel. Por causa disso, as estruturas estão trincandas e inclinadas.
Moradora da comunidade, Tatiane Vital diz que outro muro que caiu nesta semana motivou os moradores a registrar a ocorrência:
“Na terça-feira que caiu um muro, o caminhão bateu ali e caiu o muro. Nós resolvemos ir na polícia fazer um Boletim de Ocorrência. Fomos na polícia ambiental e polícia civil. A polícia falou que um perito vinha até aqui pra fazer um laudo. Ele falou agora pra mim que no prazo de 45 dias saía o laudo, mas ele já disse que existe um risco de desmoronamento”
Além das rachaduras, o grupo de moradores reclama dos constantes barulhos das máquinas de madrugada e o corte de mais de 170 árvores para a construção do túnel.
Segundo eles, a obra também poderá impactar a nascente do córrego Emboaçu.
A moradora Ana Maria disse que parte das árvores já foi retirada e o córrego, segundo ela, foi aterrado nesta semana:
“Eles arrancaram as árvores, sem contar que aí tem corrente de água, até o córrego de água eles taparam”
A prefeitura diz que vai compensar os cortes previstos com o plantio de duzentas e 66 mudas, e que não foi confirmada nenhuma nascente na área. A gestão municipal disse ainda que os moradores afetados poderão receber uma indenização ou serem alocados em uma nova moradia.
Procurada, a Álya Construtora disse que para o acesso às obras do túnel através da Rua Sousa Ramos, foi construída estrutura de concreto armado, que possui dimensionamento estrutural suficiente para suportar o tráfego de caminhões no local. A nota diz também que a estrutura não tem qualquer relação e não traz impacto aos muros das residências. O consórcio informou que designou equipe técnica para avaliação das estruturas do local.
O que diz a construtora
O Consórcio Expresso Sena Madureira esclarece que, para o acesso às obras de construção do túnel através da Rua Sousa Ramos, foi construída estrutura de concreto armado sobre a galeria existente. Essa estrutura tem como objetivo a proteção do sistema condutor de águas e possui dimensionamento estrutural suficiente para suportar o tráfego de caminhões no local.
Referida estrutura não tem qualquer relação e não traz impacto aos muros das unidades habitacionais lindeiras. Com relação às alegações de trincas e desaprumos dos muros das habitações, o Consórcio informa que designou equipe técnica para avaliação das estruturas do local.