Presidentes de países do Mercosul e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciaram que os dois blocos comerciais enfim vão assinar um acordo de comércio após 25 anos de negociações. A confirmação foi feita no encerramento da Cúpula do Mercosul, que está sendo realizada em Montevidéu, no Uruguai. O presidente Lula participou do anúncio.
Esse acordo tem potencial de criar um mercado comum de mais 700 milhões de pessoas, com um PIB somado de U$ 22 trilhões. Além de Lula, também participaram do anúncio os presidentes do Uruguai, Luis Lacalle Pou, do Paraguai, Santiago Peña, e da Argentina, Javier Milei, que vem sendo crítico do Mercosul, mas vai ocupar a presidência do bloco.
Os termos ficaram próximos de um acerto em 2019, mas naquela ocasião, o Bloco Europeu pediu a inclusão de mais garantias aos países do Mercosul. As negociações, então, voltaram a avançar em 2023, permitindo o encerramento dos debates agora, neste ano.
Segundo o presidente Lula, os termos de 2019 eram inaceitáveis, mas agora o Brasil conseguiu preservar interesses e mostrar as credenciais ambientais do Mercosul.
‘O acordo que finalizamos hoje é bem diferente daquele anunciado em 2019. As condições que herdamos eram inaceitáveis. Conseguimos preservar nossos interesses em compra governamentais, alongamos o calendário de abertura do nosso mercado automotivo, criamos mecanismos para evitar a retirada unilateral de concessões alcançadas na mesa de negociação. Estamos assegurando novos mercados para as nossas exportações e fortalecendo os fluxos de investimento. Temos hoje um texto moderno e equilibrado, que reconhece as credenciais ambientais do Mercosul.’
Em recado aos europeus que ainda resistem ao acordo, Lula disse que os países do Mercosul não vão aceitar que falem mal dos produtos fabricados aqui.
‘Não aceitaremos que tentem difamar a reconhecida qualidade e segurança dos nossos produtos. O Mercosul é um exemplo de que é possível conciliar desenvolvimento econômico com responsabilidade ambiental.’
Com o encerramento dessas negociações, os próximos passos agora são uma revisão legal do texto e a tradução para todas as 23 línguas oficiais da União Europeia e, por último, a assinatura dos líderes dos blocos.
Depois, ainda há uma etapa de aprovação interna pelos legislativos dos países do Mercosul e do Conselho da União Europeia. Nessa etapa pode haver uma resistência maior por parte de países contrários ao texto.
Eles podem se unir no Conselho da União Europeia e tentar barrar a aprovação dessa proposta. Mas, a presidente do bloco europeu, a Ursula von der Leyen, chamou o acordo de histórico, um acordo ganha-ganha. Nas palavras dela, ele trará benefícios para os consumidores e empresas.
Ela ainda destacou que os padrões de saúde de alimentos da União Europeia vão permanecer intocáveis e que os exportadores do Mercosul terão que cumprir todas as exigências de forma rigorosa.