Um espaço de memória às vítimas do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão em Brumadinho foi inaugurado neste sábado (25), data em que a tragédia completou seis anos.
Situado exatamente no local do rompimento, o Memorial Brumadinho é um desejo antigo de familiares e atingidos. Para a diretora da Avabrum, Associação de Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão, Kenia Paiva, esse é espaço que, além de homenagear e honrar a memória das vítimas, se apresenta também como uma fonte de resiliência.
“Lógico que tem a questão das mortes, mas também esse também é um espaço que a gente tenta mostrar como que a gente superou esse luto, como que a gente está vivendo, como que as famílias se uniram. Ali é um espaço onde a gente mostra a nossa luta e a nossa resiliência. E também o que é importante para gente é que não caia no esquecimento. A gente não pode vivenciar tudo isso que aconteceu nesse estado há seis anos e esquecer de uma hora para outra. Aquilo tem que servir de exemplo para que isso não se repita mais.”
Familiares das vítimas do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, participaram da inauguração de um memorial em homenagem aos atingidos, no dia em que a tragédia completa seis anos. — Foto: Nitro Imagens Ltda
O projeto do Memorial Brumadinho busca proporcionar uma experiência imersiva aos visitantes. O espaço reúne um bosque com ipês amarelos, plantados em homenagem a cada uma das vítimas, uma área meditativa e duas salas de exposição. Além de um espaço de memória, o local terá projetos educativos e de pesquisa, com estudos interdisciplinares em áreas como meio ambiente, geografia, arquitetura, direito e história, com foco na tragédia e seus desdobramentos.
Mesmo seis anos após o rompimento da barragem em Brumadinho, a operação de busca e salvamento continua em andamento. Segundo o Corpo de Bombeiros, são 2.193 dias de esforços praticamente ininterruptos. De acordo com a corporação, esse marco representa o maior e mais longo trabalho de resgate já realizado no país, alcançando uma taxa de 98,8% de recuperação das vítimas. Atualmente, três dos 270 mortos ainda são procurados em meio aos rejeitos, como lembra o porta-voz dos Bombeiros, tenente Henrique Barcellos.
“Atualmente, trabalhamos com a oitava estratégia que consiste na utilização de estações de busca para otimizar a vistoria desse rejeito. Nós buscamos pela senhora Maria de Lurdes da Costa Bueno, Nathália de Oliveira Porto Araújo e Tiago Tadeu Mendes da Silva. Só para se ter uma dimensão, no primeiro ano de operação foram mais de 1.600 horas de voo, o emprego de mais de 120 máquinas pesadas e 65 cães de busca de todo o Brasil. Já passaram pela operação mais de 4.500 bombeiros militares.”
Nas redes sociais, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, do Novo, disse que o dia 25 de janeiro é para lembrar das vidas perdidas e reforçar a luta por justiça para que isso nunca mais se aconteça.
O rompimento da barragem B1, da Vale, em 25 de janeiro de 2019, deixou, além dos mortos, mais de 10 milhões de metros cúbicos de rejeitos espalhados por 290 hectares, o equivalente a 4,2 mil piscinas olímpicas.
Até hoje, nenhum dos responsáveis foi punido criminalmente. No processo criminal, que corre em âmbito nacional, 15 pessoas respondem por homicídio doloso, assim como as empresas Vale S.A. e Tüv Süd, responsáveis por atestar a segurança da barragem.