O presidente Lula afirmou hoje que o general Braga Netto, preso por tentativa de golpe de Estado, tem direito à presunção de inocência, mas se for culpado, deve pagar pelo que fez.
Braga Netto, ex-ministro e ex-vice na chapa com Bolsonaro, foi preso ontem pela Polícia Federal sobre a alegação de que estava obstruindo as investigações do inquérito do golpe. Para investigadores da Polícia Federal, Braga Netto é o grande mentor dessa tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. No parecer encaminhado ao Supremo, os investigadores do caso afirmam que o militar apoiou, incentivou as manifestações golpistas e buscou, inclusive, um financiamento para os atos.
Uma pessoa ligada à investigação disse à CBN que ele era a autoridade moral que buscou influenciar a decisão do comando militar pelo apoio ao golpe e que, possivelmente, iria querer assumir o lugar do ex-presidente quando a popularidade de Bolsonaro estivesse em queda. O presidente Lula, hoje, ao falar sobre sua condição de saúde, ainda no hospital em São Paulo, comentou a prisão do militar, defendeu, portanto, a presunção de inocência, mas também defendeu uma punição firme caso se comprove as suspeitas levantadas pela Polícia Federal.
Eu acho que ele tem todo o direito à presunção de inocência. O que eu não tive, eu quero que eles tenham todo o direito e todo o respeito para que a lei seja cumprida. Mas se esses caras fizeram o que tentaram fazer, eles terão que ser punidos severamente. Esse país teve gente que fez 10% do que eles se deram e que foi morto na cadeia. Não é possível a gente aceitar o desrespeito à democracia. Não é possível a gente redar um despejo de respeito à Constituição. E não é possível a gente admitir que, num país generoso como o Brasil, a gente tenha gente de alta graduação militar tramando a morte de um presidente da República, tramando a morte de seu vice e tramando a morte de um juiz que era presidente da Suprema Corte Eleitoral.
Uma fala enigmática de Braga Netto a manifestantes que pediam um golpe de Estado após as eleições de 2022 é apontada pela Polícia Federal como uma das provas contra o general. Ele estava em frente ao Palácio da Alvorada, foi abordado por apoiadores de Bolsonaro que defendiam uma intervenção dos militares. Chegou a ser cobrado por manifestantes que diziam estar debaixo de sol e chuva para defender Bolsonaro e aí foi quando o Braga Netto afirma que era preciso dar um tempo e não perder a fé.
Braga Netto: ‘O presidente está bem, está recebendo gente, não tem problema nenhum. Vocês não percam a fé, tá bom?’
Apoiador: ‘Lá na frente o pessoal está falando, vocês não. Estamos na frente do comando militar. A gente está na chuva, está no chão’.
Braga Netto: ‘Eu sei. Não só fica…Tenta, você tem que dar um tempo’.
Segundo a Polícia Federal, esse tempo que ele pedia era justamente o período em que já tinha dado início a um plano para prender o ministro Alexandre de Moraes de Supremo e impedir a posse do presidente eleito Lula e do vice Geraldo Alckmin. A defesa de Braga Netto nega essas acusações. Os advogados divulgaram uma nota afirmando que vão se manifestar nos autos após terem plena ciência dos fatos e que vão comprovar que não houve tentativa do militar de obstruir as investigações do caso.
No sábado, o ex-presidente Bolsonaro se manifestou sobre esse caso, mas não citou diretamente o nome de Braga Netto, que foi um dos seus principais aliados. Bolsonaro publicou nas redes sociais uma mensagem criticando a prisão do general, dizendo que não entende porque alguém pode ser preso por obstruir investigações que já foram finalizadas.