Até o momento, cinco pessoas foram presas pela Polícia Federal acusadas de planejar o golpe de Estado
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, condenou o plano golpista que previa o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, conforme investigação da Polícia Federal que culminou na Operação Contragolpe desta terça-feira (19). Ele ainda afirmou que o presidente Lula se mostrou surpreso com a dimensão do golpe supostamente perpetrado por aliados de Bolsonaro, incluindo a alta cúpula do governo.
Para Lewandowski, há “fortíssimos indícios” dos crimes apurados pela Polícia Federal. O titular da Justiça ainda disse que o plano de assassinato só não teve êxito porque não houve adesão em massa das Forças Armadas. O ministro também afirmou que não foi possível chegar até Bolsonaro nesta investigação.
“Por enquanto, não se chegou a esse nível de detalhe. O inquérito prossegue, deverá terminar, digamos, nos próximos dias ou semanas, em que estes aspectos todos serão aprofundados. Quer dizer, o que se tem na representação da Polícia Federal é que teria havido uma reunião na casa do ex-ministro Braga Netto. Isso está no inquérito.
Agora, em que circunstâncias isso se deu, quem participou efetivamente, o que foi conversado, isto será alvo ainda de investigações futuras, como com relação a outros mencionados no inquérito”.
Já o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, classificou como “estarrecedoras” as informações sobre o plano golpista. O ministro deu as declarações na abertura da sessão desta terça-feira do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), colegiado que é presidido pelo ministro. Barroso afirmou que é um alento o funcionamento das instituições.
“Tudo sugere que estivemos mais próximos do que imaginávamos do inimaginável. O que é possível dizer nesse momento é que o golpismo, o atentado contra as instituições e contra os agentes públicos que as integram, nada tem a ver com ideologia ou com opções políticas. É apenas a expressão de um sentimento antidemocrático e de desrespeito ao Estado de Direito.
Nós estamos falando de crimes previstos no Código Penal. Felizmente, o país já superou os ciclos do atraso, mas é preciso empurrar para a margem da história comportamentos como esses que estão sendo noticiados pela imprensa e que são uma desonra para o país.”
Ainda que a orientação do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, seja pelo silêncio em relação à operação, o senador Flávio Bolsonaro se manifestou nesta tarde. Ele afirmou que o tema nem deveria estar sendo discutido, e que “pensar ou ter vontade de matar alguém não é crime”. Flávio ainda negou envolvimento do pai no plano golpista.