Mais de 4,5% do bioma Pantanal já foi atingido pelos incêndios deste ano. Dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia da UFRJ mostram que a área total queimada é de mais de 688 mil hectares. A região mais atingida é o município de Corumbá, na fronteira com a Bolívia, onde mais de 348 mil hectares foram consumidos pelo fogo. Ali, foram registrados 66% dos focos de calor em 2024.
Corumbá também é o município que mais desmatou o Pantanal. Um levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais aponta para mais de 381 km² desmatados apenas na região. Lá, os brigadistas atuam desde 1º de junho para tentar conter as chamas.
Márcio Yule, coordenador estadual do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) do Ibama em Mato Grosso do Sul explica que as maiores problemáticas no trabalho de combate aos incêndios são as próprias características do bioma, que dificultam até mesmo a aproximação da linha do fogo.
“Chegar na linha do fogo, permanecer na linha do fogo. O deslocamento na maioria das vezes é feito via fluvial ou aérea para lançar os brigadistas com seus equipamentos para realizar os combates. Outra característica do pantanal é o tipo de incêndio que é o fogo subterrâneo. Aquela matéria orgânica debaixo do solo, raiz, falho, onde o fogo subterrâneo para que seja extinto, precisamos cavar trincheiras ou valas.”
Segundo Márcio, setembro costuma ser o mês mais crítico, mas, em 2024, as queimadas começaram mais cedo. Ele conta que a partir de segunda-feira, mais brigadistas chegam para apoiar os trabalhos, somando 250 profissionais apenas na região sul do Pantanal.
As ações de combate atuam em 34 frentes de incêndio, com 285 profissionais do governo federal em campo, incluindo Ibama, ICMBio e Força Nacional. Até o momento, oito foram controladas e duas extintas. Nove aeronaves do governo e 5 das forças armadas também estão mobilizadas, além de oito embarcações.
Neste sábado (29), uma aeronave da Força Aérea Brasileira decolou de Brasília com 12 mil litros de água para atuar no combate aos incêndios no Pantanal. Ainda estão previstos, para hoje, outros três voos, de aproximadamente 35 minutos, com o lançamento de 12 mil litros de água cada. Para aumentar o efeito no combate ao fogo, um produto químico denominado retardante é adicionado à água lançada pelas aeronaves na região.
Nessa sexta-feira (28), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva esteve no Mato Grosso do Sul e disse que os incêndios causam uma cena devastadora. Disse ainda que os dados mostram que essa é a maior seca dos últimos 70 anos. E que a quantidade de focos de calor está totalmente fora da curva, mesmo comparando com 2020. Marina viajou ao Estado junto com a ministra do Planejamento, Simone Tebet. As duas sobrevoaram a região e visitaram a estrutura de combate aos incêndios em Corumbá.