O Estado do Rio teve, em média, um ônibus incendiado de forma criminosa a cada nove dias entre 2014 e 2024. O levantamento inédito realizado pela Semove, a Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro, revela que, nos últimos 10 anos, 430 veículos foram atacados e destruídos. Ao todo, 25 cidades já registraram casos do tipo. A entidade representa 174 empresas de ônibus em todo o estado.
A considerar que um veículo incendiado deixa de transportar até 70 mil passageiros em seis meses – o tempo necessário para a reposição do coletivo em condições técnicas e financeiras ideais -, mais de 30 milhões de pessoas foram afetadas no sistema de transporte por ônibus em linhas municipais e intermunicipais. O número é equivalente à soma do total de habitantes dos estados de Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, segundo dados divulgados pelo IBGE.
Ainda de acordo com a Semove, o prejuízo nos últimos dez anos chega a R$ 365 milhões. Cada ônibus novo custa, em média, R$ 850 mil. E não há seguro para ataques criminosos, o que significa uma despesa direta para a empresa vítima da ação dos criminosos.
A análise dos números ano a ano demonstra que o crime é constante no estado, com ápice em 2017, com o registro de 94 casos. O segundo maior resultado na série histórica foi em 2014, com 74.
Já o terceiro ano com mais incêndios foi 2023, quando em 23 de outubro, 35 veículos foram atacados e destruídos em diversos pontos da Zona Oeste da capital, em uma ação de represália da milícia até então comandada por Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, após uma operação policial na comunidade Três Pontes, em Santa Cruz, terminar com a morte de seu sobrinho, Matheus Rezende. O episódio é um recorde histórico de ônibus incendiados em um dia no Rio. Em todo 2023, 58 veículos foram queimados no estado.
No período da pandemia, entre 2020 e 2022, mesmo com as restrições impostas para deslocamento, 25 ônibus foram queimados. Em 2024, 19 casos foram registrados.
Para alertar as autoridades e informar a sociedade sobre os prejuízos à mobilidade urbana, a Semove lançou a plataforma “Ônibus em chamas”, que reúne dados sobre os veículos incendiados em atos de vandalismo desde 2014. Na ferramenta, será possível consultar cada caso registrado no Estado, tendo acesso a informações como data, local e quantidade de ataques; a empresa responsável pela operação da linha e os custos para reposição dos coletivos destruídos. O sistema tem o apoio do Disque Denúncia, que tem uma parceria com o setor de ônibus para o registro e a análise de informações sobre casos de violência no transporte público, a fim de auxiliar as autoridades policiais
O lançamento da plataforma no site da Semove será marcada pela campanha “Quando um ônibus é queimado, quem perde é você”. A divulgação será feita em terminais de ônibus, em pontos de grande movimento e nas redes sociais da Semove.