Nadyr Mallet Pereira, conhecida como Dona Zoca, deixou casa em Eldorado do Sul às pressas com a filha. Ela era adolescente quando Porto Alegre foi castigada por chuvas que duraram 22 dias.
Nadyr Mallet Pereira, conhecida como Dona Zoca, tinha entre 15 e 16 anos quando Porto Alegre foi castigada por chuvas que duraram 22 dias, em 1941. Agora, aos 98 anos, ela se viu novamente em situação semelhante e teve que deixar a casa às pressas ao lado da filha e dos vizinhos no município de Eldorado do Sul. Ouça reportagem completa abaixo:
A cheia de 1941 tinha ficado marcada, até então, como a pior enchente da história da cidade. Na ocasião, o Guaíba chegou a 4,76 metros e inundou grande parte do Centro e das ilhas da capital gaúcha. Cerca de 70 mil pessoas ficaram desabrigadas à época, entre elas, Zoca, que era moradora da Ilha das Flores e, agora, recorda como foi a ocasião:
“Foi feio, uma coisa muito triste. Agora tem povoação aqui, não tinha. Ali tinha arroz. Eu quero viver até quando Deus quiser, mas não quero viver mais enchente”, relembra.
Nesta quinta-feira (16), o nível do Rio Guaíba seguia em redução, mas ainda estava em 4,86 metros.
Idosa teve que dormir em papelões
Zoca e a filha foram levadas para um abrigo, onde relatam ter dormido em papelões e tido dificuldades de acesso à água e comida. Zoca afirma que não deseja passar por situação semelhante outra vez:
“Foi tudo feio. A gente não teve correria, contato com ninguém. Passei no trabalho, a gente fechada ali dentro. Não se via nada, ninguém, só via a água correr pertinho do rio, passava aquelas casas boiando. Enxergava nada, nada, tapou tudo. As casas lá já eram preparadas para a enchente, mas foi feio. Sofremos.”
Dona Zoca está na casa de parentes
Zoca e a Filha foram levadas à Porto Alegre pela Polícia Rodoviária Federal e resgatadas por familiares, que as abrigaram. A prefeitura de Eldorado do Sul estima que 30 mil dos quase 40 mil habitantes do município estejam desabrigados.