Paralisação teve início no dia 16, num contexto em que o governo busca cortar gastos para equilibrar as contas. Corte de ponto também já foi colocado à mesa. Categoria vê medida como afronte.
O governo ingressou com ação no Superior Tribunal de Justiça pedindo a suspensão imediata da greve dos servidores do INSS, sob argumento que não podem paralisar um serviço essencial. A paralisação, que começou no último dia 16, veio em meio ao esforço do governo Lula de revisar a concessão dos benefícios sociais para equilibrar as contas e fechar o orçamento de 2024 e 2025.
Para pressionar pelo fim da greve, o governo ainda endureceu o tom e afirmou que vai cortar o ponto dos grevistas e descontar no salário os dias de braços cruzados. Mais de 400 agências em 23 estados e no Distrito Federal estão paralisadas ou funcionando apenas de forma parcial, impactando diretamente no tempo de espera para concessão de benefícios, e na revisão dos cadastros – medida pela qual p governo espera economizar até 9 bilhões de reais. Médicos peritos não aderiram à greve.
O diretor da Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social, Cristiano Machado, diz ter sido pego de surpresa com a judicialização da greve, e vê o corte de ponto como afronta.
“Nós achamos isso absurdo, a assessoria jurídica da FNASP está aí acompanhando, quando fomos notificados, vamos tomar as medidas necessárias, mas isso é um desrespeito contra o próprio movimento. E aí ressaltando, da nossa parte, não houve descumprimento de nenhum ponto. A greve é legal, a greve foi feita dentro dos parâmetros de legalidade, com notificação do governo, e inclusive é uma greve que está solicitando o cumprimento do acordo da greve 2022. Ou seja, então, se tem algum descumprimento, alguma ilegalidade, é por parte do governo e não por parte dos trabalhadores”.
O acordo mencionado, de 2022, é relativo principalmente a incorporação de gratificações ao vencimento básico dos servidores, que buscam também reajuste salarial. O governo tem oferecido 9% para 2025 e 9% para 2026, mas a categoria considera a proposta insuficiente.