Apesar da resistência de parlamentares aliados, o governo deve aprovar nesta semana o pacote de corte de gastos no Congresso Nacional. As negociações, no entanto, não serão fáceis, já que a própria base governista está criticando as alterações que tornam mais difícil, por exemplo, a concessão do Benefício de Prestação Continuada, o BPC, que prevê o pagamento de um salário mínimo por mês a idosos de baixa renda e portadores de deficiência.
No fim de semana, o diretório nacional do PT divulgou uma nota com um alerta aos deputados que vão votar o texto nesta semana. No documento, que teve a emenda acrescentada pela presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, o PT recomenda que as bancadas que avaliem com profundidade e debatam os impactos da proposta que envolve o BPC, de forma que ela venha a incidir sobre eventuais desvios e fraudes ao sistema, mas preservando integralmente os direitos estabelecidos na constituição.
A mudança proposta pela equipe econômica do ministro Fernando Haddad, estabelece uma atualização do cadastro e que a renda a ser levada em conta passe a considerar não apenas o dinheiro recebido pelo beneficiário, mas também a renda de toda a casa. Para o deputado Carlos Zarattini, esses pontos devem passar por mudanças antes da aprovação do projeto.
Já parlamentares do centro, defendem um outro projeto, que traga um corte de gastos estrutural. Eles entendem que a medida proposta pelo governo não resolve o problema e vai apenas adiar um novo corte nos próximos anos. O deputado Pedro Paulo, é um dos autores da chamada PEC Alternativa. Ele critica ainda a proposta que estabelece uma mudança na cobrança de IR para pessoas com doenças graves e que ganham acima de 20 mil reais. Para o deputado, o pacote deveria focar em reduzir incentivos fiscais, desvincular pisos e rever o abono salarial.
Na semana passada, o governo conseguiu aprovar a urgência dos textos, mas com placar apertado, o que acende um alerta. A maior contagem mostrou o apoio de 267 deputados, sendo que o mínimo eram 257 parlamentares.