A Defesa Civil do Estado de São Paulo criou um Gabinete de Crise Emergencial para monitorar o combate a incêndios em matas e canaviais do interior do estado. O fogo já provocou a morte de duas pessoas; interditou rodovias e deixou 30 cidades em alerta máximo.
As regiões de Ribeirão Preto, Marília, São José do Rio Preto, Presidente Prudente e Araçatuba são as mais afetadas. Num canavial de Urupês, perto de Ribeirão, dois funcionários de uma usina morreram carbonizados enquanto tentavam combater o fogo.
Os trabalhadores de 30 e 48 anos estavam num caminhão, quando o veículo tombou e eles não conseguiram fugir das chamas. Em Ubarana, na mesma região, vários canaviais ficaram em chamas e uma rua precisou ser isolada pela Defesa Civil.
Entre os municípios em alerta máximo para chamas estão Itápolis, Sertãozinho, São Bernardo do Campo e Piracicaba. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, só ontem foram registrados 1.886 focos de incêndios ativos no Estado. No mês inteiro, já são mais de três mil.
Para efeitos de comparação, em agosto de 2023, os satélites usados pelo Inpe detectaram 352 focos de queimadas ativos entre todas as cidades de São Paulo durante o mês inteiro e 1.666, ao longo de todo o ano.
Moradores da região de Ribeirão Preto, incluindo cidades como Sertãozinho e Jaboticabal, registraram cenas de uma fumaça escura e densa, tomando o céu dos municípios. Famílias do campo e cidade estão apavoradas.
Na cidade de Sertãozinho, que concentra as principais indústrias de açúcar no país, uma grande usina precisou ser desocupada. As aulas foram suspensas e a Fundação Casa transferiu temporariamente adolescentes e funcionários da unidade no município.
Em todo o estado, os bombeiros atenderam 118 chamados de ocorrências de queimadas. Trechos de pelo menos 17 rodovias estão interditados:
Em nota, a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil, que representa mais de 12 mil produtores, enfatizou que os associados seguem rigorosamente as diretrizes do protocolo que proíbe o uso de fogo na colheita de cana no Estado de São Paulo.
Uma usina da região oferece recompensa de R$ 30 mil por informações que levem à autoria de incêndios criminosos em áreas de cultivo de cana-de-açúcar ou de vegetação nativa sob responsabilidade do grupo.
Na tarde desta sexta-feira, o céu da capital paulista ficou amarelado. Segundo os meteorologistas, o efeito é resultado da fumaça de incêndios no interior do Estado e na região amazônica.
Em Minas Gerais, equipes do Corpo de Bombeiros combatem incêndios em oito reservas ambientais. De acordo com o INPE, de janeiro até agora, foram registrados mais de 4,2 mil focos de incêndio no estado, o maior volume em 14 anos.