Após a demissão de Silvio Almeida do Ministério dos Direitos Humanos, pelas acusações de assédio sexual, o governo Lula já busca um novo nome para comandar a pasta na Esplanada. Rita Oliveira, secretária executiva do ministério, chegou a ser cotada para ocupar interinamente o cargo, mas pediu demissão por fidelidade à Silvio Almeida. No momento, a ministra da Gestão, Esther Dweck, vai acumular as duas funções de forma interina, mas um novo titular dos Direitos Humanos deve ser anunciado em breve para comandar a área.
A pasta é estratégica para as pautas identitárias do governo. A divisão do antigo ministério da Família, do governo Bolsonaro, em Direitos Humanos, Igualdade Racial, Povos Indígenas e Mulheres foi uma das prioridades e promessa de campanha do atual governo. Para dar uma resposta à demissão de Silvio Almeida, a expectativa é que Lula possa inclusive convocar então uma mulher negra para assumir o comando da área dos Direitos Humanos.
No momento, o presidente ainda não chamou ninguém para conversar, o que deve acontecer apenas a partir desta segunda-feira. Nos bastidores, principalmente entre aliados petistas, circulam nomes que atuaram no governo de Dilma Rousseff e poderiam retornar à Esplanada, como o da ex-ministra das mulheres e igualdade Nilma Lino Gomes. Interlocutores do Planalto, no entanto, ainda não indicam nomes, apenas a ideia de que seja uma mulher negra, para dar uma resposta simbólica ao episódio.
Para o cientista político André Rosa, a troca pode trazer um simbolismo, mas não vai reduzir o impacto negativo para o governo, que deve reforçar práticas de combate ao assédio no serviço público.
Silvio Almeida nega as acusações. Mesmo com a demissão, o ex-ministro não se livra de apurações internas do governo. A Comissão de Ética Pública da Presidência da República, por exemplo, deu prazo de 10 dias para ele se manifestar sobre as acusações de assédio sexual. Mesmo fora da Esplanada, ele ainda pode ser punido pelo colegiado, ao final de todo o processo. A pena administrativa pode ser a aplicação de uma censura ética, que fica registrada pelo prazo de 3 anos, impedindo e dificultando que Silvio possa ser contratado pelo poder público.