A equipe econômica do governo federal se reúne nesta quinta-feira (23) com os Ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário para discutir um plano de combate à inflação dos alimentos, um dos temas mais sensíveis da atual gestão.
Antes mesmo do anúncio das medidas, o governo precisará desfazer ruídos criados pela própria equipe em relação às futuras ações para baratear os preços nos supermercados. Na manhã dessa quarta-feira (22), durante uma entrevista à EBC, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, chegou a falar em “intervenção”:
O mercado reagiu com cautela, uma vez que a palavra é frequentemente associada a tabelamento de preços.
Para a gente buscar um conjunto de intervenções que sinalizem para um barateamento dos alimentos. No final do ano passado, o presidente fez uma reunião com a rede de supermercados do país, também com a mesma pauta. A rede de supermercados sugeriu algumas medidas e nós vamos implementá-las agora nesse primeiro bimestre. Então vamos, a partir dessas reuniões, ouvindo também os produtores, buscar medidas que consigam reduzir o peso dos alimentos.
Ainda na noite de ontem, em entrevista à CNN, Rui Costa negou qualquer intenção de intervenção direta nos preços dos alimentos. Ele ressaltou que o governo busca soluções dialogadas com o setor produtivo e descartou propostas de controle que possam causar impacto negativo no mercado.
Primeiro então vamos, para não ter ruído de comunicação e para ninguém ficar derivando para outras imaginações, vamos substituir a palavra intervenção por medidas. Então o que o presidente Lula está orientando, está coordenando, é que nós possamos reunir com a sociedade, com os ministros e colher as sugestões daquelas iniciativas que podem contribuir, por exemplo, para uma maior oferta de alimentos, principalmente focado naqueles alimentos que nós tivemos no último período uma subida maior. Com isso você propiciar que haja um aumento da produção desses alimentos.
A discussão sobre o preço dos alimentos gerou tensões na primeira reunião ministerial do ano, realizada na segunda-feira (20). Durante a reunião, o presidente Lula interrompeu o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, cobrando propostas concretas para baratear os preços nos supermercados.
Outro ponto que ganhou destaque foi a sugestão feita pela Associação Brasileira de Supermercados para flexibilizar a validade de alimentos como medida para evitar desperdício e reduzir custos. A proposta foi criticada nas redes sociais, com opositores alegando que o governo incentivaria o consumo de alimentos vencidos. Rui Costa refutou a possibilidade, afirmando que o governo não adotará essa medida.
E eles relataram lá a existência de prateleiras diferentes ou até de supermercados diferentes que vendem produtos com a validade vencida. Essa não é a cultura do Brasil, essa não é a prática do Brasil, então eu não vejo nenhuma possibilidade dessa sugestão específica dela ser adotada. Se é para produto eventualmente de não consumo humano, um produto de limpeza, etc., você poderia até avaliar, discutir, mas para alimentos, para uso pessoal, eu não acho que não faz parte da nossa cultura isso e isso não está no cenário de adotar essa medida.
Vão particioar da reunião desta quinta-feira os ministros Rui Costa, Fernando Haddad e Sidônio Palmeira. Sidônio, que assumiu recentemente a Secretaria de Comunicação, tem como missão melhorar a comunicação do governo e evitar ruídos como os registrados nas últimas declarações.