Apesar de reforçar compromissos climáticos, a declaração dos líderes do bloco não trouxe medidas efetivas para a liberação de mais recursos.
O meio ambiente foi uma das três prioridades escolhidas pelo Brasil durante sua presidência no G20, e um dos maiores desafios nessa área tem sido o financiamento da transição energética. Apesar de reforçar compromissos climáticos, a declaração dos líderes do bloco não trouxe medidas efetivas para a liberação de mais recursos.
Especialistas que participaram do painel de encerramento do projeto G20 no Brasil, realizado pela CBN e pelos jornais O Globo e Valor, avaliaram que os avanços na área ambiental foram modestos, mas não precisam ser encarados como decepções.
O presidente do Conselho Curador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, José Pio Borges, avaliou que a preocupação com o financiamento estatal é exagerada. Para ele, boa parte da transição energética pode ser tocada pelo setor privado.
“A transição energética não é um ônus, não precisa de subsídio. Ela é uma oportunidade, sobretudo para países como o Brasil, que tem um potencial gigantesco de renováveis e a disponibilidade de recursos privados e através de bancos de desenvolvimento, não só dos tradicionais, ocidentais, bancos mundiais, etc., mas dos bancos asiáticos, que são gigantescos, para financiar esse processo, que eu acho que é uma oportunidade.”
Já o embaixador e conselheiro do Cebri Marcus Caramuru considerou que as propostas do G20 na área ambiental não são transformadoras, mas representam passos na direção certa.
“A diplomacia costuma dizer que o tema não foi tratado diretamente, mas ele esteve incorporado a instrumentos que foram endossados pelo G20 e que fazem parte dos anexos da declaração. É um argumento diplomático, não há dúvida. Mas é um argumento que tem um certo sentido, ou seja, de alguma forma essa preocupação apareceu ali. O Brasil chegou a propor uma linguagem mais ambiciosa nesse segmento, mas ela não pôde ser aprovada.”
Os convidados lembraram, ainda, que o Brasil continua protagonista nessa discussão em 2025. No ano que vem, o país sedia a COP30, em Belém do Pará.