O chanceler brasileiro Mauro Vieira disse nesta terça-feira (20) que as manifestações do chanceler israelense, Israel Katz, são inaceitáveis na forma e mentirosas no conteúdo. Ele afirmou ainda que uma chancelaria agir dessa forma com o chefe de Estado de um país amigo “é algo insólito e revoltante”.
Segundo Vieira, recorrer sistematicamente à distorção de declarações e a mentiras é “ofensivo e grave”, além de ser uma “vergonhosa página” da história da diplomacia de Israel, com recurso à linguagem “chula e irresponsável”.
É o primeiro posicionamento oficial do Itamaraty desde o início da crise diplomática. O ministro das Relações Exteriores do Brasil disse que Katz distorce posições do Brasil para tentar tirar proveito. E que enquanto o chanceler israelense atacou o Brasil em público, no mesmo dia, na conversa privada com o embaixador brasileiro Frederico Meyer em Tel Aviv na segunda-feira, afirmou ter grande respeito pelos brasileiros e pelo Brasil, que definiu como a mais importante nação da América do Sul. Vieira, porém, afirma que esse respeito não foi demonstrado nas manifestações públicas, pelo contrário.
O chanceler brasileiro afirma não ser aceitável que uma autoridade governamental aja dessa forma. E que, além de tentar semear divisões, o chanceler israelense busca aumentar a visibilidade no Brasil para lançar uma cortina de fumaça que encobre o real problema do massacre em curso em Gaza, onde 30 mil civis palestinos já morreram, principalmente mulheres e crianças.
Mauro Vieira afirma que isso tem levado ao crescente isolamento internacional do governo Netanyahu e que é este o isolamento que o titular da chancelaria israelense tenta esconder. Mas destaca que o Brasil não vai entrar nesse jogo. E que não vai deixar de lutar pela proteção das vidas inocentes em risco.
Mauro Vieira reforça que o embaixador de Israel em Brasília e o governo Netanyahu foram informados de que o Brasil reagirá com diplomacia, mas com toda a firmeza, a qualquer ataque que receber.